13º Estação: Jesus é depositado nos braços de sua Mãe
A Redenção se consumou. Vosso Sacrifício se fez inteiro. A Cabeça sofreu quanto tinha de sofrer. Restava aos membros do corpo sofrer também.
Junto à Cruz estava Maria. Para que dizer, uma palavra que seja, sobre o que Ela sofreu? Parece que o próprio Espírito Santo evitou de descrever a pungência da dor que inundava a Mãe como reflexo da dor que superabundou no Filho.
Ele só disse: “Ó vós, que passais pelo caminho, atentai e vede se há dor semelhante à minha dor” (Lamentações de Jeremias 1, 12). Só uma palavra a pode descrever: não teve igual em todas as puras criaturas de Deus.
Nossa Senhora da Piedade!
É assim que o povo fiel invoca a Nossa Senhora quando A contempla sentada, com o cadáver divino do Filho ao colo. Piedade, porque toda Ela não é senão compaixão.
Compaixão do Filho. Compaixão dos filhos, porque Ela não tem só um filho. Mãe dele, tornou-se Mãe de todos os homens. E Ela não tem apenas compaixão do Filho, tem também dos filhos.
Ela olha para nossas dores, nossos sofrimentos, nossas lutas. Ela sorri para nós no perigo, chora conosco na dor, alivia nossas tristezas e santifica nossas alegrias.
O próprio do coração de Mãe é uma íntima participação em tudo que faz vibrar o coração dos filhos. Nossa Senhora é nossa Mãe. Ela ama muito mais a cada um de nós individualmente, ainda ao mais miserável e pecador, do que poderia fazê-lo o amor somado de todas as mães do mundo por um filho único.
Persuadamo-nos bem disto.
É a cada um de nós. É a mim. Sim, é a mim, com todas as minhas misérias, minhas infidelidades tão asperamente censuráveis, meus indesculpáveis defeitos. É a mim que Ela ama assim. E ama com intimidade.
Não como uma Rainha que, não tendo tempo para tomar conhecimento da vida de cada um dos súditos, acompanha apenas em linhas gerais o que eles fazem. Ela me acompanha a mim, em todos os pormenores de minha vida.
Ela conhece minhas pequenas dores, minhas pequenas alegrias, meus pequenos desejos. Ela não é indiferente a nada.
Se soubéssemos pedir, se compreendêssemos a importunidade evangélica como uma virtude admirável, como saberíamos ser minuciosamente importunos com Nossa Senhora.
E Ela nos daria na ordem da natureza, e principalmente na ordem da graça, muitíssimo mais do que jamais ousaríamos supor.
Nossa Senhora da Piedade!
Tanto valeria, ou quase, dizer Nossa Senhora da Santa Ousadia. Porque o que mais pode estimular a santa ousadia, ousadia humilde, submissa e conformada de um miserável, que a piedade maternal inimaginável de quem tudo tem?
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Fonte: retirado da Via Sacra escrita por Plínio Correa de Oliveira, grande líder católico do século XX. No site: http://catolicismo.com.br/