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Esta Santa, falecida em 1510, não foi santa desde seus primeiros anos de vida.
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Nasceu rica, viveu entre as diversões e nos dias de sua mocidade não foi lá muito piedosa, não.
Era como tantas moças de hoje, que pensam ser muito santas, só porque vão à missa de preceito e não dão graves escândalos.
Casou-se, afinal, com um moço muito rico, o qual de cristão tinha apenas o nome.
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Isso bem o sabia ela antes de casar-se; mas, como acontece, deixou-se fascinar pelas riquezas, pela elegância e até pelas audácias daquele aventureiro do amor.
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E sucedeu o que era de esperar: aquele homem, por causa de sua vida licenciosa, não pôde fazê-la feliz.
Enquanto ela, em casa, chorava a sua desgraça, ele, como louco, corria de orgia em orgia. Esquecida de Deus, a pobre mulher maldizia a hora em que se casara com um vilão como aquele.
Menos mal. Morreu o canalha (e dizem que morreu convertido), e a jovem viúva pôde respirar. Buscou ainda a felicidade nas diversões, reuniões barulhentas e nos espetáculos.
Tinha uma fome canina de felicidade, e cada dia se sentia mais desgraçada.
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Certo dia ouviu uma voz interior que lhe dizia: – Catarina, só em Deus acharás o verdadeiro amor e a felicidade.
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A jovem viúva ficou muito comovida. Parecia-lhe, porém, impossível que a felicidade estivesse escondida atrás das grades de um convento e debaixo de um grosseiro hábito religioso.
Não entrava em sua cabeça que o amor pudesse viver no silêncio do claustro e entre cilícios e disciplinas.
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Catarina tinha uma irmã, que, mais piedosa do que ela, se fizera religiosa e vivia contentíssima no convento.
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Quantas vezes esta santa religiosa, prostrada aos pés do sacrário, havia pedido a Jesus por aquela irmãzinha sua, que andava pelo mundo, tão fútil, tão infeliz!
Deus atendeu a sua oração. Um dia Catarina foi visitá-la. Estava triste como nunca a pobre viúva. E ali, no regaço de sua santa irmã, deixou correr lágrimas muito amargas.
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Disse-lhe: Sou uma desgraçada; o mundo é um impostor; o amor não é mais que egoísmo brutal; não, não aguento mais! quero morrer.
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A santa irmã deixou que ela se desabafasse e, enxugando as lágrimas, disse-lhe:
– Catarina, parece mentira que andes tão louca e enganada. Já não te disse mil vezes que só Deus é a verdadeira felicidade e que só nele encontrarás o amor puro que não deixa na alma remorsos e desengano?
Deus te chama ao seu amor e tu te empenhas em fazer-te surda às suas vozes amorosas. Resolve-te de uma vez a consagrar-te a Deus e encontrarás a paz e o amor.
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Faze uma boa confissão e confia na divina misericórdia. Estou certa de que Nosso Senhor te fará feliz.
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A dor e os desenganos, e mais que tudo a mesma graça de Deus haviam preparado já o coração de Catarina.
Caiu de joelhos diante da imagem de Jesus crucificado e chorou amargamente, dizendo: Meu Jesus, não mais pecar, não mais pecar. Jesus, Amor infinito das almas, toma o meu coração. É teu.
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E assim, banhada em lágrimas, ajoelhou-se aos pés de um santo confessor. Ali esteve longo tempo. Quando se levantou, já era outra.
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Ajoelhara-se pecadora, levantara-se santa, porque esse foi o dia de sua definitiva conversão. Dai em diante, viveu e morreu como santa.
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Fonte: Do livro ALVES, Pe. Francisco. Tesouros de Exemplos. 2a ed. Editora Vozes: Petrópolis, 1958.
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