Quem ama alegra-se no sofrimento:
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Daí provinha a inexaurível paciência do meu Coração, com a qual tolerava sem queixa nem amargura, as dores. Embora imerecidas e indignas. O amor é paciente. O amor tudo suporta (1 Cor 13,7).
Daí provinha a vontade do meu Coração ao consentimento do divino, em meio de todas as aflições e dores. Conformando por amor minha vontade à divina, estava espontaneamente pronto a tudo padecer.
Daí nascia a alegria do meu coração no sofrimento. Quem ama, conhecendo a bondade do objeto amado, alegra-se ao fruí-lo. Meu Coração conhecia perfeitamente a excelência da vontade divina. Por isso deleitava-se em cumpri-la, mesmo entre os muitos e vários sofrimentos.
Daí se originava o sobrenatural desejo de sofrer que me inflamava o Coração.
Com efeito, o verdadeiro amor deseja realmente dar prova da sua sinceridade, ternura e fidelidade.
Por isso, meu Coração, continuamente estimulado pelo amor, sempre anelava consumar aquela dolorosa Paixão, que seria para Deus e permaneceria para os homens prova manifesta e eterna da sinceridade, ternura e fidelidade e mesmo exuberância de meu amor.
…e Ele quis que nós O amássemos intensamente
Entretanto, meu filho, o amor do meu Coração queria ir mais longe. Almejava com seus excessos arrebatar os corações dos homens e abrasá-los em seu ardor.
Eu viera trazer o fogo à terra, e qual a minha vontade senão que se inflamasse? (LC 12,49). Para isso cumpria-se ser batizado no vivo e ardente batismo de meu Sangue. Refiro-me à Paixão, na qual me vi totalmente mergulhado e submerso.
Quanto me sentia angustiado até à sua consumação! Quanto suspirava o meu Coração por esse batismo ardente, cuja força maravilhosa havia de purificar, aquecer e inflamar os corações dos homens!
Ali se purificaram e abrasaram os apóstolos e mártires, os santos confessores e virgens, que, em seu puro amor para comigo, estavam prontos a tudo sofrer e a seguir-me por aflições, mortificações, mil tormentos e mil mortes.
E teu coração, filho, será incapaz de inflamar-se? Se te amei a tal ponto, foi para estimular-te a retribuir-me a dileção, a fim de reivindicar para mim todo o teu amor.
O Amor demanda Amor
Filho, se considerares amiúde com atenção até que ponto te amei, e quanto maiores motivos tens de amar-me do que eu a ti, sem dúvida serás incitado a pagar-me amor com amor.
Uma vez que o amor se apoderar do teu coração, há de produzir nele, em relação ao sofrimento, sentimentos análogos aos do meu Coração.
Quanto mais me amares, tanto mais estarás pronto a sofrer. E quanto melhor sofreres, tanto mais perfeitamente me amarás.
Se te acontecer não experimentar, em relação ao sofrimento, os sentimentos do meu Coração, é sinal que o teu não se acha em bom estado, ou antes está em má disposição.
Examinando-o, descobrirás que a causa é porque teu coração, privado do divino fervor, se entorpece no frio da indiferença ou é queimado pela viciosa febre do amor-próprio.
Mas justamente por te veres tão maldisposto, que és incapaz de tocar e saborear essas iguarias, tão dignas das grandes almas, toma o propósito de erguer-te e estimular-te virilmente.
Pelo menos, deseja teu coração seja assim animado pelos mesmos sentimentos que o meu.
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