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Há na vida espiritual uma verdade de importância tal, que por todas as almas piedosas deve ser seriamente meditada.
E ei-la aqui, tal como a inspirou o Espírito Santo: Quem despreza e não tem em conta as coisas pequenas, cairá pouco a pouco.
Compreende bem esta palavra: “cairá pouco a pouco”. Cairá insensivelmente, sem mesmo dar por isso, mas cairá.
Hoje, sob pretexto de ser falta leve, consente numa mentira muito pequena; amanhã já deixa sair uma maior; e acabará cair nas maiores desordens.
Teme, teme muito o desprezo das coisas pequenas; receia as faltas leves; olha que são d’alguma sorte mais perigosas do que as grandes, porque se não certamente cairá.
“Ouso, diz São João Crisóstomo, avançar uma proposição que parecerá surpreendente e inaudita; e é que me parece se deve pôr algumas vezes menos cuidado em fugir dos pecados grandes, do que em evitar as faltas pequenas.
Daquelas, só a enormidade já inspira o horror; com estas, por pouco consideráveis, facilmente nos familiarizamos”;
Este desprezo em que as temos nos impede de fazermos o devido esforço para as expelir, e assim por negligência nossa vão crescendo até chegar ao estado de não podermos desfazer-nos delas.
Ainda outra vez repito: teme as faltas pequenas, teme-as e evita-as pois, por pequenas que sejam, nem por isso deixam de ofender menos o nosso bom Mestre;
Teme e evita as faltas leves, porque à tibieza nos conduzem: teme as faltas leves porque Jesus Cristo disse, “quem nas coisas pequenas é fiel, sê-lo-á também nas grandes, e quem nas pequenas é injusto, injusto será nas grandes”.
Vela hoje muito sobre ti mesmo, e esforça-se para viver hoje de modo que à noite possas dizer a Jesus:
“Meu bom Mestre, hoje não me acusa a consciência de falta alguma inteiramente voluntária; bendito sejais pois foi vossa onipotente mão quem me amparou.
Suplico-vos que queirais perdoar toda e qualquer falta que por fragilidade me haja podido escapar; amanhã hei de fazer todos os esforços para viver melhor ainda”.
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Fonte: retirado do livro “As chamas do Amor de Jesus” do Abade D. Pinnard.
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