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A comuna, primeiro, depois o Estado,
Eis a extensão da sociedade doméstica pelo agrupamento de várias famílias sob um chefe comum;
mirando — é pelo menos o fim próximo — assegurar o bem-estar temporal.
Em si mesmo, o Estado cristão faz parte do plano divino para a salvação do homem;
para a proteção da família, para a economia da Providência no governo do mundo.
O Egito oferece-nos um exemplo dessas intenções misericordiosas de Deus:
sob a direção de José, filho de Jacó e figura do nosso santo, ele foi um meio de salvação para o povo escolhido e, por ele, um meio de salvação para o mundo.
São José, é verdade, não foi um chefe de Estado.
Mas, muito melhor ainda do que o ministro do Faraó, ele foi “o pai do rei” (Gn 45,8), do soberano Rei, do Rei dos reis.
E, para ser o chefe da Sagrada Família, era preciso uma virtude mais alta e uma santidade mais excelente do que o pedia o governo do Egito.
São José não salvou apenas um só povo e um só país da morte pela fome, mas transmitiu a toda a humanidade o pão da vida eterna.
Pelas suas virtudes, que são bem as virtudes de um chefe de Estado — pela sua sabedoria, pela sua bondade obsequiosa, pela sua política toda celeste;
São José é um maravilhoso modelo para todos os que exercem poder;
Como é um modelo para os súditos, pela sua obediência, pelo seu respeito à autoridade.
Só sabe mandar bem quem sabe obedecer bem.
Eis porque, outrora, monarcas e chefes de casas poderosas escolhiam a São José para protetor da sua família e do seu país.
E José não lhes traiu a confiança.
Mas vieram outros tempos, outras máximas presidem hoje ao governo dos Estados:
“Não se pensa mais em José” (Ex 1,8).
As coisas vão porventura melhor para os príncipes e para os povos? Quem ousaria afirmá-lo?
Em terceiro lugar, temos a Igreja
A grande sociedade sobrenatural, a família de Deus neste mundo.
Como em toda sociedade, na Igreja faz-se mister um governo.
É a hierarquia do sacerdócio com os seus graus.
Ora, o poder sacerdotal estende-se primeiramente ao verdadeiro corpo de Jesus Cristo;
Real e substancialmente presente na Eucaristia que continua a viver entre nós.
Desse poder dimana a autoridade do sacerdócio eclesiástico sobre o corpo místico do Salvador;
Isto é, sobre os fiéis, para instruí-los, guiá-los, reconciliá-los com Deus, alcançar-lhes e dispensar-lhes as graças e orar por eles.
A Igreja tem o seu modelo na Sagrada Família.
Ora, em Nazaré, São José era o chefe, o pai, o protetor, o guia.
Por todos esses títulos, ele pertence de maneira especial à Igreja, que era a finalidade, e, por assim dizer, é a extensão e a continuação da Sagrada Família.
Por outro lado, são os sacerdotes, na Igreja, os membros principais.
Dessarte, entre São José e o sacerdócio, há uma relação toda particular, sob um duplo ponto de vista.
Primeiramente, sob o ponto de vista da função.
Como vimos, José teve um grandíssimo poder sobre a pessoa do Salvador.
De certa maneira, ele nos transmite Jesus.
Foi José quem o educou, quem o sustentou, quem velou por ele.
A sua missão consagrava-o muito especialmente à pessoa de Jesus Cristo.
Sua vida, seus atos foram a vida e os atos de um sacerdote, visto como o sacerdócio visa primordialmente a administração do sacramento do altar.
Se lhe não devemos o Salvador de maneira imediata como o devemos ao sacerdote, que pronuncia as palavras da consagração;
As funções que o ligavam a Jesus, os desvelos de que o cercava;
Tinham entretanto uma importância maior, e o punham com o Senhor numa relação mais imediata do que todos os ministros do altar.
(Continua…)
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