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Em segundo lugar, sob o ponto de vista das virtudes, as de São José foram virtudes eminentemente sacerdotais:
Espírito de fé, pureza, humildade, zelo das almas.
Não tornaremos a este assunto, de que já falamos.
Como se vê, São José é o mais belo modelo do sacerdote.
Mas, na Igreja de Deus, há uma outra família que pode reclamar a proteção de São José de maneira especial:
A família religiosa, a comunidade das almas cuja vocação é o estado religioso.
A vida religiosa é excelentemente a escola da perfeição, já que, por dever de estado, o religioso é obrigado a tender à perfeição.
Para essa vocação, como para qualquer outra aliás, a perfeição consiste essencialmente no amor de Deus.
Mas o que distingue o estado religioso são os meios empregados para alcançar o fim.
No mundo, para chegar ao amor de Deus e praticá-lo, as pessoas se contentam com o meio essencialmente necessário — a observância dos preceitos;
Ao passo que, na vocação religiosa, se recorre aos meios de supererrogação;
Conselhos evangélicos, votos, que, sem serem em si mesmos obrigatórios para ninguém;
Constituem os melhores meios de perfeição, porque contribuem muito energicamente para afastar os obstáculos do amor de Deus.
Ao apego aos bens exteriores, eles opõem a pobreza;
Ao atrativo dos prazeres sensíveis, a castidade;
Aos perigos da vontade própria e da independência, a obediência.
A esses meios gerais, comuns a todos os que vivem em religião, cada Ordem acrescenta certos meios particulares para atingir a perfeição da amor divino;
Pela prática da vida contemplativa ou da vida ativa:
Conforme se trata de trabalhar unicamente na santificação pessoal ou de consagrar-se ao mesmo tempo à salvação das almas.
É assim que se distinguem as Ordens contemplativas e as Ordens ativas.
Mas, de uma parte e de outra, existem relações estreitas entre São José e a vocação religiosa;
Existem poderosos motivos para invocar a proteção do Santo patriarca.
Acaso se propôs ele, neste mundo, outro fim senão a perfeição no amor de Deus?
Não praticou, em toda verdade, a obediência, a pobreza, a castidade?
Até onde não levou ele a perfeição da caridade?
Não uniu admiravelmente a vida contemplativa à vida ativa, a vida interior à vida exterior?
Não oferece ele o mais belo modelo das diversas formas de perfeição que as diferentes Ordens religiosas se podem propor?
Quem, pois, mais do que ele se aproxima do soberano modelo, Jesus Cristo Nosso Senhor, na união desses dois gêneros de vida?
Eis porque todas as Ordens religiosas — quer se deem à vida contemplativa, quer à vida ativa, ou quer professem a vida mista;
Veem em São José o padroeiro da sua vocação e se comprazem em ter nele o seu protetor especial.
Eis porque lhes consagraram particularmente as suas missões entre os infiéis.
Não foi junto a ele que os Reis Magos, primícias dos gentios, acharam o Salvador?
Não foi ele quem primeiro levou Jesus a uma região idólatra, ao Egito?
Não há, pois, na Igreja um só grupo importante, uma só sociedade d’almas na qual São José não pertença, por assim dizer, à família;
Em que não deva — permitam-nos a expressão — considerar-se como estando em sua casa.
Ele se santificou na Família
Cada uma das diversas formas que a vida de família reveste é para nós;
Como para ele, uma cara lembrança e uma doce imagem da vida, das alegrias e dos sofrimentos que foram os seus junto do divino Salvador e de Maria.
Ele se santificou na família.
Pelo seu admirável exemplo, santificou a vida de família.
Foi por isso que, nesta ordem de coisas, Deus lhe deu de ser um poderoso protetor.
A família, a sociedade doméstica, seja qual for a forma que revista — família propriamente dita, Estado, Igreja, Ordem religiosa — é uma grandiosa e bela criação de Deus.
E por ser uma criação de Deus, por ser de extrema importância para a glória de Deus e para a salvação do mundo, é cara a São José;
Tanto mais cara quanto mormente hoje em dia, o demônio procura profanar a família, arruiná-la, fazer dela um instrumento de maldição, um inferno na terra.
Cumpre, pois, que São José intervenha, que o chefe da Sagrada Família se oponha ao inimigo, que ele, uma vez mais, salve “o Filho e sua Mãe”.
Terminemos por uma reflexão que nos explicará a razão de um título muitas vezes dado a São José.
Já que o nosso Santo é o protetor natural de todas as associações ou famílias que se agrupam na Igreja, Pio IX deu-o por padroeiro à Igreja universal.
São José, portanto, faz jus, com toda razão, ao nome glorioso de patriarca.
Os patriarcas eram os pais e chefes das tribos de Israel,do povo de Deus.
Tinham a honra e o privilégio de preparar o nascimento de Jesus Cristo.
Muito mais: esposo de Maria, da Mãe de Deus, ele foi o pai legal do Salvador.
Ele marca, pois, o apogeu do Testamento antigo e o ponto de partida do novo que;
Consoante a palavra de Leão XIII numa das suas encíclicas — começou quando a Sagrada Família foi fundada.
Na sua qualidade de patriarca, São José pertence, assim, tanto à Lei antiga quanto à nova.
É, por conseguinte, o patriarca dos patriarcas.
É o patriarca no sentido mais elevado do termo;
Porque a Aliança nova sobreleva infinitamente ao Testamento antigo sob todos os portes de vista.
Com uma das mãos, ele abençoa o antigo, e com a outra o novo Testamento.
Quem lhe pode ser comparado?
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Fonte: Do livro “São José” de Mons. Ascânio Brandão.
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