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Os Exercícios Espirituais do Bom Religioso por Tomás de Kempis
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Dica 19 – Ter justa ideia de si mesmo
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Não podemos confiar muito em nós, porque frequentemente nos faltam a graça e o critério.
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Pouca luz temos em nós e esta facilmente a perdemos por negligência.
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De ordinário também não avaliamos quanta é nossa cegueira interior. A miúdo procedemos mal e nos desculpamos, o que é pior.
Às vezes nos move a paixão, e pensamos que é zelo.
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Repreendemos nos outros as faltas leves, e nos descuidamos das nossas maiores.
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Bem depressa sentimos e ponderamos o que dos outros sofremos, mas não se nos dá do que os outros sofrem de nós. Quem bem e retamente avaliasse suas obras não seria capaz de julgar os outros com rigor.
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O homem interior antepõe o cuidado de si a todos os outros cuidados, e quem se ocupa de si com diligência facilmente deixa de falar dos outros.
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Nunca serás homem espiritual e devoto, se não calares dos outros, atendendo a ti próprio com especial cuidado.
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Se de ti só e de Deus cuidares, pouco te moverá o que se passa por fora. Onde estás, quando não estás contigo?
E, depois de tudo percorrido, que ganhaste se esqueceste a ti mesmo?
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Se queres ter paz e verdadeiro sossego, é preciso que tudo mais dispenses, e a ti só tenhas diante dos olhos.
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Portanto, grandes progressos farás, se te conservares livre de todo cuidado temporal; muito te atrasará o apego a alguma coisa temporal.
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Nada de te seja grande, nobre, aceito ou agradável, a não ser Deus mesmo ou o que for de Deus.
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Considera vã toda consolação que te viera das criaturas. A alma que ama a Deus despreza tudo que é abaixo de Deus.
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Só Deus eterno e imenso, que tudo enche, é o consolo da alma e a verdadeira alegria do coração.
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Fonte: Imitação de Cristo de Tomás de Kempis
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