
Imagine uma criatura possuindo todo o amor de São Francisco de Assis, o zelo de São Domingos de Gusmão, a piedade de São Bento, o recolhimento de Santa Teresa, a sabedoria de Santo Tomás, a intrepidez de Santo Inácio, a pureza de São Luiz de Gonzaga, a paciência de um São Lourenço e o espírito de mortificação de todos os anacoretas do deserto.
Entretanto, é importante ressaltar que essa criatura, por mais grandiosa que seja, não alcançaria os pés de Nossa Senhora.

Além disso, a glória dos Anjos é algo incompreensível ao intelecto humano, e a glória de Nossa Senhora está incomensuravelmente acima de todos os coros angélicos.
Para esta criatura amada, superior a tudo quanto foi criado, Deus conferiu um privilégio incomparável: a Imaculada Conceição. Sendo inferior somente à Humanidade Santíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O termo “Imaculado” significa a ausência de mácula, impureza, indicando a integridade absoluta na fé e na virtude.
Isso implica em uma intransigência absoluta, sistemática e irredutível, uma aversão completa e profunda a toda espécie de erro ou mal. Essa santa intolerância na verdade e no bem é a pureza, contrastando com o mal.
Por amar a Deus sem medida, Nossa Senhora correspondemente amou de todo o coração tudo que era de Deus.
E, em virtude de seu ódio sem medida ao mal, ela odiou de maneira irrefreável Satanás, suas pompas e suas obras, o demônio, o mundo e a carne.
Vida de Maria: A Imaculada Conceição
Antes mesmo da criação do mundo, Deus nos escolheu para sermos santos e irrepreensíveis em Sua presença, impulsionados pelo amor (Ef 1, 4).
Contudo, instigados pelo demônio, Adão e Eva se rebelaram contra o plano divino, cedendo à tentação de serem como Deus, conhecedores do bem e do mal (Gn 3, 5), conforme sussurrado pelo príncipe da mentira.

Eles desviaram-se do amor de Deus, buscando, por suas próprias forças, a felicidade à qual foram chamados.
Entretanto, Deus não recuou. Em Sua infinita Sabedoria e Amor, prevendo o uso equivocado da liberdade humana, decidiu tornar-se um de nós por meio da Encarnação do Verbo, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.
Dessa forma, dirigindo-se a Satanás, que havia tentado Adão e Eva sob a figura da serpente, Deus o condenou, anunciando: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre tua descendência e a dela” (Gn 3, 15).
A Redenção do mundo estava em andamento
desde o primeiro instante.
Esse é o primeiro anúncio da Redenção, indicando a figura de uma Mulher, descendente de Eva, que se tornará a Mãe do Redentor e, com Ele, esmagará a cabeça da serpente infernal. Uma luz de esperança surgiu para a humanidade no próprio momento do pecado.
Gradualmente, inspirados pelo Espírito Santo, os profetas revelaram os traços dessa filha de Adão. A quem Deus preservaria do pecado original e de todos os pecados pessoais. Além disso, a encheria de graça para torná-la digna mãe do Verbo encarnado, em antecipação aos méritos de Cristo, Redentor universal da humanidade.
Ela é a virgem que conceberá e dará à luz um Filho. A heroína do povo hebreu, louvada como “a exaltação de Jerusalém, a grande glória de Israel…” (Jt 15, 9-10).
Portanto, dirigimos louvores à Maria, recolhidos pela Igreja na Liturgia.
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NOTA: Trecho de um artigo de Plínio Corrêa de Oliveira, intitulado “A santa intransigência”, um aspecto da Imaculada Conceição, publicado na revista Catolicismo na edição de setembro de 1954, ano do centenário do magnífico Dogma.
Fonte: Abim.inf / Revista Catolicismo, Nº 768 (Dezembro/2014) e site Aleteia.
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