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Santo Afonso de Ligório
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Continuação do post: Ele quis passar o pior dos Martírios por você: conheça a vida de Nosso Senhor (Parte I)
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Tal foi portanto toda a vida do divino Redentor, e tal também a sua morte; sem consolação alguma.
Quando estava agonizando sobre a cruz, sem o menor alívio, esperou se alguém o consolava, e não achou. Não achou senão zombadores e blasfemadores.
Um dizia: “Se és o Filho de Deus, desce da cruz”, outro acrescentava: “Ele salvou a outros, a si mesmo não se pode salvar”.
– Pelo que nosso aflito Senhor; vendo-se abandonado de todos, se dirigiu ao Pai Eterno; vendo, porém, que este também o havia abandonado, queixou-se docemente exclamando em voz alta: “Deus meu, Deus meu, porque que desamparastes?”.
É assim que terminou a vida de nosso Salvador, que morreu, conforme a profecia de Davi, abismado num oceano de ignomínias e dores.
– Quando nos acharmos desolados, consolemo-nos com a morte desolada de Jesus Cristo; ofereçamos-lhe a nossa desolação, unido-a àquela que por nosso amor sofreu o inocente Jesus no Calvário.
E lembremo-nos ao mesmo tempo que, pelos nossos pecados, temos concorrido para aumentar a aflição e desolação desse Coração amabilíssimo.
Ah meu Jesus, quem Vos não amará vendo-Vos tão abandonado e exausto de dores, a fim de pagardes por nossos pecados?
Sou eu um de vossos algozes, pois que Vos contristei durante toda vossa vida pela vista de meus pecados.
Mas já que convidais à penitência, deixai-me experimentar ao menos uma parte da aflição que Vós em vossa Paixão sentistes pelos meus pecados.
Como poderei ainda correr atrás dos prazeres depois de Vos ter causado em vossa vida tamanha tristeza pelos meus pecados?
Não, não Vos peço satisfações e delícias; peço-Vos lágrimas e arrependimento.
Fazei que no tempo de vida que me resta, eu viva chorando as mágoas que Vos causei.
Abraço-me com vossos pés, ó meu Jesus crucificado e desolado, e assim quero morrer. – Ó Mãe das dores, rogai a Jesus por mim.
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Fonte: retirado do livro “Meditações para todos os dias e festas do ano” de Santo Afonso de Ligório.
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