O Coração que desceu até a miséria humana
Junho é o mês tradicionalmente dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, esse Coração que, inflamado de caridade, desceu até a mais profunda miséria da humanidade para elevá-la à intimidade com Deus.
A Igreja convida seus filhos, nesse tempo sagrado, a voltar os olhos para o Coração de Jesus Cristo, centro de Sua vida interior, símbolo do Seu amor insondável e fonte inesgotável de graças.
Entre as manifestações mais comoventes dessa devoção, destaca-se a experiência mística de Santa Margarida Maria Alacoque, no convento de Paray-le-Monial, no século XVII.
Foi ali, diante do Santíssimo Sacramento, que ela recebeu uma das revelações mais tocantes do amor de Jesus Cristo.
O lamento e o convite de Jesus Cristo
Durante a oitava de Corpus Christi, Jesus revelou-lhe o Seu Sagrado Coração com estas palavras impressionantes:
“Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou para se esgotar e consumir por eles, e que, em troca, não recebe senão ingratidões, irreverências e sacrilégios, sobretudo da parte daqueles que Lhe são consagrados.”
Essa frase resume o drama do amor divino: um Deus que se doa por inteiro e que recebe, em troca, desprezo e indiferença.
Mas não é apenas um lamento. É também um convite à reparação, um apelo para que os fiéis se unam ao Seu amor ferido.
Jesus Cristo pede que seja instituída uma festa em honra ao Seu Sagrado Coração, celebrada na primeira sexta-feira depois da oitava de Corpus Christi, com a recepção da comunhão em espírito de reparação.
A festa não nasce da dor, mas do excesso de amor de um Deus que não desiste de buscar quem O ame.
O abandono da Eucaristia
Essa devoção não é apenas um ponto do calendário litúrgico. É uma resposta do Céu à decadência espiritual de uma humanidade que esfria em sua fé.
Já nos tempos de Santa Margarida, a tibieza e a irreverência em relação à Eucaristia eram motivo de preocupação. Hoje, a situação se agravou:
- Quantas vezes passamos diante do tabernáculo sem sequer uma genuflexão?
- Quantas vezes a Sagrada Comunhão é recebida sem confissão, sem preparação, sem amor?
- Quantas igrejas permanecem vazias diante do Santíssimo exposto?
Tudo isso representa friezas e desprezos, que ferem diretamente o Coração de Jesus Cristo.
E o que mais O fere?
As ofensas daqueles que Lhe são consagrados: sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos chamados a uma vida mais íntima com Ele. Quando esses se tornam mornos, é como se O traíssem no Horto das Oliveiras.
A tibieza: um veneno silencioso
Entre os males que afligem as almas hoje, a tibieza é talvez o mais insidioso. Não se trata de pecado escandaloso, mas de uma paralisia espiritual, um esfriamento das resoluções e da vida interior.
Jesus Cristo promete, porém, que os que se consagrarem ao Seu Coração serão libertos da tibieza.
Ele transforma os mornos em fervorosos, os fervorosos em santos, e os santos em apóstolos do Seu amor.
Mas isso exige esforço. Ele pede comunhões reparadoras, oração perseverante, união com Seu sofrimento. E sobretudo, pede que recorramos ao auxílio seguro de Maria Santíssima.
Por meio do Coração Imaculado de Maria
Quem pode amar a Jesus Cristo como Ele merece?
Ninguém, por si só. Mas Nossa Senhora é o canal por meio do qual nossos pequenos atos se tornam agradáveis a Deus.
Quando unimos nossos esforços aos méritos dEla, nossa reparação se eleva, se purifica e se torna eficaz.
É por meio de Maria que conseguimos consolar verdadeiramente o Coração de Jesus.
As promessas do Sagrado Coração
Entre as promessas que Jesus Cristo fez a Santa Margarida, uma se destaca:
“Aqueles que comungarem nas nove primeiras sextas-feiras seguidas, com as devidas disposições, receberão a graça da penitência final.
“Não morrerão sem os sacramentos e Meu Coração será seu refúgio seguro na hora da morte.”
Trata-se da promessa de uma boa morte, desejo mais profundo de todo cristão fiel.
Mas há outras promessas igualmente comoventes:
- Proteção das famílias divididas e assistência às que confiam nEle.
- Bênçãos abundantes onde Sua imagem for exposta e honrada.
- Graças especiais sobre comunidades devotas, afastando castigos e restaurando almas.
- Força para converter os corações mais endurecidos.
Diante disso, somos convidados a redescobrir a beleza e a urgência dessa devoção.
Restauração espiritual para o nosso tempo
Em um mundo que celebra o pecado e despreza os sacramentos, a devoção ao Sagrado Coração é um refúgio e uma arma espiritual.
Colocar a imagem do Sagrado Coração em nossos lares, consagrar-Lhe nossas famílias, comungar com fervor nas primeiras sextas-feiras — tudo isso são meios concretos de viver essa espiritualidade reparadora.
O Coração de Jesus Cristo é também um apelo à confiança. Mesmo nas aridezes, Ele nos convida:
“Vinde a Mim, vós todos que estais aflitos e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei.”
É nesse Coração que encontramos repouso, direção, perdão e ardor.
Um tempo de renovação interior
Neste mês de junho, abramos espaço para que o Sagrado Coração reine em nossos pensamentos, em nossos lares e em nossa pátria.
Que nossos gestos, por menores que sejam, sejam oferecidos como flores a esse Trono de Amor.
Que Ele transforme nossa tibieza em fervor, nossa fraqueza em fidelidade, e nossa vida em reparação generosa.
Como disse Nosso Senhor à Serva de Deus Josefa Menéndez:
“Se as almas compreendessem que nunca são tão verdadeiramente livres quanto quando se entregam completamente a Mim!”
Entreguemo-nos, pois. Ao Sagrado Coração de Jesus Cristo, por Maria.
E, para viver este mês com mais devoção, separamos para você um devocionário especial:
- Com as orações essenciais para pedir, agradecer e reparar.
- Um auxílio para aprofundar, dia após dia, a entrega ao Sagrado Coração de Jesus
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Além disso, o seu nome será incluído na Missa em honra ao Sagrado Coração de Jesus.
Coração de Jesus, cheio de bondade e de amor, tende piedade de nós.