Conheça uma visão de Santa Teresa: veja o grande perigo que é a Confissão mal feita.

Santa Teresa d'Ávila viu em uma visão: as almas daqueles que se confessavam mal sofriam no Inferno.

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Continuação do post: Qual a principal causa da perdição da alma? Leia aqui para descobrir:

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Discípulo. — Mas não há exagero nisso?

Mestre. — Exagero nenhum, e nem sou eu quem o diz: afirmam-nos os Santos que melhor conhecem as almas e viu-o Santa Teresa em uma visão.

Estava a Santa rezando, quando, de repente abrem-se diante dos seus olhos uma voragem profunda, cheia de fogo e de chamas; e nesse abismo precipitam-se com abundância, como neve no inverno, as pobres almas perdidas.

… são as confissões mal feitas o motivo pelo qual tantas pessoas perdem suas almas e vão para o inferno!…

Assustada, a Santa levanta os olhos ao céu e: — Meu Deus, exclama, meu Deus!

O que é que eu estou vendo? Quem são elas, quem são todas essas almas que se perdem? Com certeza devem ser as almas dos pobres infiéis.

— Não, Teresa, não! Responde o Senhor. As almas que neste momento vês precipitarem-se no inferno com o meu consentimento, são, todas elas, almas de cristãos como tu.

— Mas então devem ser almas de pessoas que não acreditavam, que não praticavam a Religião, que não freqüentavam os Sacramentos!

— Não, Teresa, não! Fica sabendo que essas almas pertencem todas a cristãos batizados como tu, e, que, como tu, eram crentes e praticantes…

— Mas se assim é, naturalmente essa gente nunca se confessou, nem mesmo na hora da morte…

— No entanto, são almas que se confessavam, e confessaram-se também antes de morrer…

— Por qual motivo então, ó meu Deus, são elas condenadas?

— São condenadas porque se confessaram mal…

Vai Teresa, conta a todos esta visão e recomenda aos Bispos e Sacerdotes que nunca se cansem de pregar sobre a importância da confissão e contra as confissões mal feitas, afim de que os meus amados cristãos não transformem “o remédio em veneno;

Afim de que não se sirvam mal desse sacramento, que é o sacramento da misericórdia e do perdão.”

D. — Pobre Jesus!… São assim tão numerosas as confissões mal feitas?

M. — S. Afonso, S. Felipe Néri, S. Leonardo de Porto Maurício, afirmam unanimemente que, infelizmente, o número das confissões mal feitas é incalculável.

Eles, que passaram à vida no confessionário e à cabeceira dos moribundos, sabem dizer a pura verdade.

E nós que erramos, de terra em terra, pregando exercícios e missões, somos obrigados a afirmar a mesma coisa.

O célebre Padre Sarnelli, na sua obra “O mundo santificado” exclama:

“Infelizmente são incalculáveis as almas que fazem confissões sacrílegas: sabem disso, em parte, os Missionários de longa experiência, e cada um de nós virá sabê-lo, com grande pasmo, no vale de Josafá.

Não só nas grandes capitais, mas nas cidades menores, nas comunidades, no meio daqueles que passam por piedosos e devotos encontram-se em grande número os sacrílegos…”

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Fonte: retirado do livro “Confessai-vos bem” do Rev. Pe. Luiz Chiavarino.

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4 respostas

  1. SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS ROGAI POR NÓS E POR TODA AMINHA FAMILIA E PRA KÉLAS FAMILIAS KE MAIS NESESITÁM DE SUA BENÇOM POR TODOS OS DOENTES INFERMOS .ROGAI POR TODA MINHA FAMILIA KE OSAGRADO CORAÇÃO DE JESUS INTERCEDA POR MEOS FAMILIARES NOS MOMENTOS MAIS DE FISEL KE ESTOMOS PASANDO

    1. Estimada Ana Lucia Coelho,
      Bom Dia!
      Em atenção ao seu pedido de que “gostaria de receber notícias sobre confissões” transcrevemos, a seguir, um trecho sobre o assunto. Julgamos que ele contem praticamente tudo quando seja necessário sobre o Sacramento da Confissão. Sugerimos copiar e eventualmente imprimi-lo para uma leitura mais atenta e estudo dos diversos pontos. Caso suja alguma dúvida específica, estamos à disposição para esclarecer.
      Cordialmente,
      Em Jesus e Maria
      Marcos Aurélio Vieira

      O Sacramento da Penitência ou Confissão
      [Excertos do livro “O Manual do Catequista” de Mons. Giuseppe Perardi – Explicação literal do Catecismo da Doutrina Cristã – Publicado por ordem do Papa São Pio X – 5ª. Edição – União Gráfica – Lisboa – 1958]

      § 1º – Sacramento e suas partes – Exame de Consciência
      355. – Que é a Penitência?
      A Penitência ou Confissão é ó sacramento instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo para perdoar os pecados cometidos depois do Batismo.
      356. – O sacramento da Penitência quando foi instituído por Jesus Cristo?
      O Sacramento da Penitência foi instituído por Jesus Cristo quando disse aos Apóstolos, e neles aos seus sucessores: “Aqueles a quem vós perdoardes os pecados, ser-lhes-ão eles perdoados; e aqueles a quem vós os retiverdes, ser-lhes-ão eles retidos” (São João, XX, 22-23).
      Explicação. – 1.° O sacramento de que tratamos agora tem dois nomes: Penitência, porque para obter o perdão dos pecados é necessário arrepender-se deles e cumprir a penitência que o confessor impõe; Confissão, porque é necessário confessar ao sacerdote os pecados mortais. Por isso cada uma destas duas palavras encerra um duplo significado: Penitência significa a confissão como sacramento, e a penitência que se deve fazer; Confissão significa o sacramento que perdoa os pecados cometidos depois do Batismo, e a quarta condição necessária para fazer uma boa confissão.
      2º. – A Penitência, isto é, a Confissão, é o sacramento instituído por Jesus Cristo para perdoar os pecados cometidos depois do Batismo. Não há dúvida que os pecados, que são uma ofensa a Deus, só Deus os pode perdoar. Mas pode perdoá-los do modo que quiser, isto é, ou diretamente, ou por meio de outrem, por meio dos Seus ministros. Jesus Cristo instituiu a Penitência, sacramento, pelo qual os seus sacerdotes perdoam os pecados em seu nome e, por sua autoridade. Eis como o Evangelho refere à instituição da confissão: Era o dia de Páscoa, isto é, aquele em que Jesus Cristo ressuscitou da morte. “Chegada, porém, que foi a tarde… e estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se achavam juntos, por medo que tinham dos Judeus, veio Jesus e pôs-se em pé no meio deles, e disse-lhes: A paz seja convosco. E, dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Alegraram-se, pois, os discípulos de terem visto o Senhor. E ele lhes disse segunda vez: A paz seja convosco. Assim como o Pai me enviou a mim, também eu vos envio a vós. Tendo dito estas palavras, assoprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Aos que vós perdoardes os pecados, ser-lhes-ão eles perdoados, e aos que vós os retiverdes, ser-lhes-ão eles retidos” (São João, XX, 19-23).
      De tudo isto resulta claramente que Jesus Cristo, de maneira verdadeiramente solene, revestiu os Apóstolos, como seus ministros e sacerdotes, do seu poder, da faculdade de perdoar e de reter os pecados. Era conveniente que Deus perdoasse por meio de outros homens, porque: a) é este o meio ordinário pelo qual Ele instrui e santifica os homens; b) a relação imediata de cada homem com Deus dá facilmente lugar a enganos e ilusões; c) o homem, sinceramente arrependido, sente necessidade de uma palavra que o assegure do perdão realmente conseguido; d) tal meio dá ensejo ao exercício das principais virtudes morais, e é remédio direto do pecado de soberba, em virtude da humilhação que está incluída na confissão a que obriga e na penitencia que é imposta.
      Da instituição do sacramento da penitência resulta, para o penitente, o dever da manifestação clara e distinta dos seus próprios pecados.
      O sacramento da Penitência foi instituído para perdoar os pecados cometidos depois do Batismo. Os pecados cometidos antes são perdoados no Batismo; os cometidos depois, na confissão.
      Prática. – Admiremos a bondade infinita de Deus e demos-lhe graças por se haver dignado providenciar de modo a perdoar-nos também os pecados cometidos depois do Batismo. – Antes de irdes confessar, refleti na grandeza deste sacramento, que, se tiverdes pecados mortais, vos fecha o inferno e vos torna a abrir o Paraíso, a fim de o receberdes com as devidas disposições.
      Exemplos. – Remédio salutar. Narra-se que num país rebentou uma gravíssima doença, que em breve levava à sepultura os que eram atacados. Felizmente descobriu-se um remédio, que tinha o poder de curar perfeitamente os atacados de tal moléstia e lhes dava força para não recaírem nela. – O pecado é uma doença terrível, que conduz à morte eterna; a confissão livra dela e confere a força para se não recair. Néscio, pois, o que permanece em pecado, exposto ao perigo de se condenar.
      Tábua de salvação. – Bateu um navio num escolho e afundou-se. Os passageiros que conseguiram agarrar-se a alguma tábua, puderam por meio dela salvar-se. Figura do católico que, pecando, naufragou miseravelmente. Na confissão é-lhe oferecida uma tábua de salvação. Infeliz o que a rejeita. – Graças à confissão, Jesus Cristo é para o pecador – que caiu escravo do demônio e foi despojado de tudo e ferido – o piedoso samaritano que o recolhe, cuida dele e o cura.
      A piscina probática. – “Ora, em Jerusalém está o tanque das ovelhas (ou piscina probática), que em hebreu se chama Betsaida, o qual tem cinco alpendres. Nestes jazia uma multidão de enfermos, de cegos, de coxos, dos que tinham os seus membros ressequidos, todos os quais esperavam que se movesse a água. Porque um anjo do Senhor descia em certo tempo ao tanque, e movia-se a água. E o primeiro que entrava no tanque depois de se mover a água ficava curado de qualquer doença que tivesse. Estava também ali um homem que havia trinta e oito anos que se achava enfermo. Jesus, que o viu deitado, e que soube que tinha já muito tempo de enfermo, disse-lhe: Queres ficar são? O enfermo lhe respondeu: Senhor, não tenho homem que me meta no tanque quando a água for movida, porque enquanto eu vou, outro entra primeiro do que eu. Disse-lhe Jesus: Levanta-te, toma a tua cama, e anda. E no mesmo instante ficou são aquele homem, e tomou a sua cama e começou a andar” (S. João, V, 2-9). – A piscina probática é figura do sacramento da Penitência, por meio do qual todos, e não um só, se podem curar de qualquer doença espiritual, isto é, de qualquer pecado.
      357. – Quem é o ministro da Penitência?
      Ministro da Penitência é o sacerdote aprovado pelo Bispo ou o próprio Bispo.
      358. – Quantas e quais são as coisas necessárias para fazer uma confissão bem feita?
      Para fazer uma confissão bem feita são necessárias cinco coisas: 1) o exame de consciência; 2) a contrição (arrependimento) dos pecados; 3) o Propósito de nunca mais pecar; 4) a confissão; 5) a satisfação ou penitência.
      Explicação. – 1.° O ministro da Penitência é o sacerdote. Pode qualquer sacerdote administrar validamente a Penitência? Não; só aquele que é aprovado pelo Bispo. Assim como um juiz não pode julgar validamente senão quando lhe é designado o lugar de jurisdição onde há de exercer as suas funções (não podendo, por isso, um juiz de uma Comarca pronunciar uma sentença válida em outra Comarca), assim o sacerdote para administrar validamente o sacramento da Penitência precisa ser aprovado pelo Bispo, por cuja aprovação ele é constituído como juiz das almas naquele lugar para o qual o Bispo o aprova.
      2.° Para fazer uma boa confissão são necessárias cinco coisas: 1º) o exame de consciência, para conhecer os pecados que se hão de confessar; 2°) a dor dos pecados, isto é, estar sincera e devidamente arrependido deles; 3º) o propósito de nunca mais pecar, porque a dor dos pecados cometidos leva necessariamente à resolução de os não tornar a cometer; 4°) a confissão, isto é, a manifestação e a acusação dos pecados ao confessor; 5°) a satisfação ou penitência, como reparação e satisfação à justiça de Deus.
      Nas respostas seguintes explica-nos o Catecismo minuciosamente estas cinco coisas.
      Exemplo. – Parábola do filho pródigo. – Contou Jesus esta parábola: “Um homem teve dois filhos, e disse o mais moço deles a seu pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me toca. E ele repartiu entre ambos a riqueza. E, passados não muitos dias, entrouxando tudo o que era seu, partiu o filho mais moço para uma terra muito distante, num país estranho, e lá dissipou tudo o que era seu, vivendo dissolutamente. E depois de ter gasto tudo, sucedeu haver naquele país uma grande fome, e ele começou a necessitar. Retirou-se, pois, dali, e acomodou-se com um dos cidadãos da tal terra. Este, porém, o mandou para uma casa sua, a guardar os porcos. Aqui desejava ele alimentar-se de bolotas, das quais comiam os porcos, mas ninguém lhas dava. Até que, tendo entrado em si, disse: Quantos jornaleiros há, em casa de meu pai, que têm pão em abundância, e eu aqui pereço à fome. Levantar-me-ei, e irei buscar a meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu, e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; faze de mim como de um dos teus jornaleiros. Levantou-se, pois, e foi buscar a seu pai. E, quando ele ainda vinha longe, viu-o o seu pai, que ficou movido de compaixão, e, correndo, lançou-lhe os braços ao pescoço para o abraçar, e o beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu, e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Então disse o pai aos seus servos: Tirai depressa o seu primeiro vestido, e vesti-o, e metei-lhe um anel no dedo, e os sapatos nos pés; trazei também um vitelo bem gordo, e matai-o, para comermos e para nos regalarmos; porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e achou-se. E começaram a banquetear-se. E o seu filho mais velho estava no campo; e, quando veio, e foi chegando a casa, ouviu a sinfonia e o coro; e chamou um dos servos, e perguntou-lhe que era aquilo. E este lhe disse: É chegado teu ir-mão, e teu pai mandou matar um novilho cevado, porque veio com saúde. Ele então se indignou, e não queria entrar ; mas, saindo o pai, começou a rogá-lo que entrasse. Ele, porém, deu esta resposta, a seu pai: Há tantos anos que te sirvo, sem nunca transgredir mandamento algum teu, e tu nunca me deste um cabrito para eu me regalar com os meus amigos; mas, tanto que veio este teu filho, que gastou tão mal tudo quanto tinha, logo lhe mandaste matar um novilho gordo. Então lhe disse o pai: Filho, tu sempre estás comigo, e tudo o que é meu é teu; era porém necessário que houvesse banquete e festim, pois que este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e achou-se. (S. Lucas, XV, 11,32).
      Nesta parábola temos (observa Rosati) uma figura dos atos do penitente. O filho pródigo entrou em si…: pereço de fome. Assim o penitente deve entrar em si, refletir no seu estado infeliz, conhecer e considerar o mal que praticou (exame de consciência).
      O filho pródigo arrependeu-se do mal que fizera, e propôs voltar para casa; assim deve fazer o penitente, isto é, arrepender-se e voltar a ser bom cristão como antes (arrependimento e propósito).
      O filho pródigo, apenas chegou à presença do pai, disse-lhe com grande humildade: Pequei contra o céu, etc. Confessou assim o seu pecado. O mesmo deve fazer o cristão aos pés do confessor, que nesse ato representa o Pai celeste (confissão).
      Finalmente, o filho pródigo achou-se indigno de ser ainda reconhecido como filho e declarou-se pronto a submeter-se ao tratamento de servo. Por outras palavras, disposto a satisfazer as suas culpas, a fazer penitência. Assim também deve o cristão dar a Deus uma reparação pelas ofensas que lhe tiver feito (satisfação).
      359. – Como se faz o exame de consciência?
      O exame de consciência faz-se trazendo à memória os pecados cometidos, por pensamentos, palavras, obras e omissões; contra os mandamentos de Deus e a Igreja e as obrigações do próprio estado, a partir da última confissão bem feita.
      Explicação. – Fazer o exame de consciência quer dizer investigar os pecados cometidos e por isso consiste em trazer à memória os nossos pecados. Quando pretendeis saber o que fizestes algum tempo antes, pondes-vos a pensar para o trazer à memória. Se eu, por exemplo, vos perguntar: Que fizestes em tal dia? Não mo sabeis dizer desde logo; mas pensando um pouco, volta-vos à mente, recordais-vos. O mesmo sucede com os pecados: esquecemo-los facilmente. Tendo de os confessar, é preciso conhecê-los, recordá-los, e portanto investigá-los por meio do exame.
      2º. – O exame é necessário: a) para recordar os pecados e confessá-los. David tinha cometido grandes pecados, e não pensava neles. Deus mandou-lhe um profeta, que, com uma parábola, lhe fez recordar o mal que praticara. David confessou-se então pecador e chorou as suas culpas; – b) porque ajuda a ter dor. Se uma pessoa não conhecer o mal que praticou, como é que o pode detestar? Quem conhece o seu mal, o seu pecado, encontra-se também, em virtude desse conhecimento, mais propenso a desejar ver-se livre dele; a detestá-lo. Se, por exemplo, uma pessoa pensar, só duma maneira geral, que ofendeu os pais, sentirá com isso desgosto. Mas se pensar particularmente em cada ofensa que causou, conhecerá a gravidade de cada uma dessas ofensas e sentirá desgosto por cada uma delas em particular. Conhecendo nós também cada uma das ofensas que fizemos a Deus, dispomo-nos a ter por elas um verdadeiro desgosto e, portanto, a merecer o seu perdão; – c) para os confessar como deve ser.
      3.° O exame deve ser bem feito e com discrição, cumprindo evitar dois excessos: o de o fazer com precipitação (pensar rapidamente no passado, sem refletir nele seriamente); e o da demasiada ansiedade, pela qual nunca se está tranquilo, teme-se sempre ter esquecido alguma coisa. Fazei o que vos ensina o Catecismo ao explicar a maneira como se faz o exame de consciência; isto é: – a) trazendo de memória os pecados cometidos. Esquecemo-nos fàcilmente daquilo que temos feito, inclusivamente dos pecados. Com o exame investigamo-los, trazemo-los à memória, para os termos de novo presentes e os podermos confessar; – b) diligentemente. O exame é uma investigação diligente, atenta, Não basta, portanto, uma investigação superficial, é necessária aquela investigação, que se empregaria, por exemplo, num negócio sério e de importância; – c) os pecados cometidos por pensamentos, etc. Pode-se pecar, como já tivemos ocasião de ver (n.° 141), por pensamentos, palavras, obras e omissões, e por isso, devemos investigar os pecados cometidos por cada uma destas maneiras, quer contra os mandamentos da lei de Deus, quer contra os da Igreja, assim como contra as obrigações do próprio estado; =- d) O exame de consciência deve começar desde a última confissão bem feita. Se alguém, por uma ou mais vezes, se não tiver confessado bem, deve começar o exame de consciência desde a última bem feita, porque as outras não foram confissões verdadeiras; e, portanto, deve torná-las a fazer, e deve confessar outrossim as confissões e comunhões sacrílegas, de que durante todo esse tempo, se tornou culpado.
      Prática. – Antes de fazerdes o exame, pedi a Nosso Senhor que vos faça conhecer os pecados como havereis de os conhecer no dia de juízo. Para o fazerdes não useis, como regra, de livros; pensai antes no que o catecismo vos diz acerca de cada um dos mandamentos. – Se desejardes fazer, com mais facilidade ainda, o vosso exame, fazei todas as noites um exame particular sobre o dia decorrido.
      Há pessoas que, embora reconheçam a importância deste exame, todavia não o praticam e desculpam-se, dizendo: Não o sei fazer. Desejamos sugerir-lhes um método facílimo. A noite, antes de se irem deitar, façam esta reflexão: “Se agora morresse, morreria tranquilo? Ao apresentar-me no tribunal de Deus, não teria nada de que censurar-me pelo dia de hoje? Que desejaria ter feito? Que desejaria pelo contrário, ter omitido?”
      Isto vos fará conhecer melhor o vosso estado, vos disporá logo aos bons propósitos necessários e vos evitará a grande desventura de irdes para a cama com o pecado mortal na alma.
      Exemplos. – Os ídolos de Labão e os pecados ocultos. – Descuram muitos fazer com exatidão e integralmente o exame de consciência. Examinam-se sobre alguns pontos e descuram outros; deixam, especialmente, de examinar-se sobre o pecado habitual, que é o predileto. Dão uma rápida vista de olhos sem fazerem daquele pecado objeto de especial consideração, porque o amam e a paixão os cega. Estes imitam o pastor Labão. Tendo notado que lhe haviam roubado os seus ídolos, correu atrás de Jacob, que ia fugindo, e começou a esquadrinhar na tenda dele com toda a diligência. Remexeu tudo, apalpou nos recantos mais escusos, exceto onde estava sentada Raquel, porque a amava com ternura e tinha receio de a incomodar com as suas pesquisas. Debaixo da albarda do camelo, sobre a qual estava assentada Raquel, que se fingiu cansada e indisposta, encontravam-se precisamente os ídolos desaparecidos. O estúpido pai, com receio de incomodar a filha, a quem muito queria, não encontrou aquilo que procurava. – Da mesma maneira procedem, especialmente pelo que diz respeito ao pecado habitual e predileto, aqueles que se examinam com ligeireza sobre os maus hábitos e as ocasiões próximas de pecado. Deixam de procurar o pecado onde ele realmente está!
      Quem é perfeito? – Dizia um eremita ao seu diretor: “Pai! parece-me que sou virtuoso e aceite aos olhos de Deus”. O diretor, que era um homem profundo, deu-lhe a seguinte resposta: “Aquele que não conhece as suas próprias culpas, julga sempre que é virtuoso; mas o que, pelo contrário, reflete nas faltas de que se tornou culpado, está longe de ter tais pensamentos”. – Ai! quantas vezes nos acontece também a nós iludirmo-nos como aquele eremita!
      Método para fazer o exame. – S. Francisco de Sales, para indicar o modo prático de fazer o exame de consciência, servia-se duma imagem sensível; dizia que para o fazer bem, convém dividir em partes a nossa alma, decompô-la bocado a bocado. Acrescentava uma bela comparação, que põe isto em evidência. Que é que faz um relojoeiro experiente quando quer deveras descobrir os defeitos dum relógio? Desmancha-o todo, examina diligentemente todas as peças e encontra onde está o defeito. Esta imagem ensina-nos o que deve fazer o cristão para fazer bem o exame de consciência; deve examinar-se sobre tudo aquilo em que pode ter faltado e, para melhor o conseguir, fará muito bem em conservar uma ordem no fazer esse exame. Cada qual se examine, pois, sobre os mandamentos da lei de Deus e os da Igreja e sobre as obrigações do próprio estado (Schüller).
      360. – No exame devemos investigar o número dos pecados?
      No exame devemos investigar com diligência também o número dos pecados mortais.
      Explicação. – No exame devemos também investigar com diligência o número dos pecados que forem mortais. Se, por exemplo, um indivíduo blasfemou três vezes, não basta que se confesse de ter blasfemado, mas deve dizer, e portanto saber, quantas vezes blasfemou. O mesmo se deve dizer de qualquer outro pecado mortal. Se um indivíduo se não puder recordar do número preciso, deverá então dizer aquele que lhe parece que mais se aproxima da verdade, e, por isso, deverá pensar se costumava cometer esse pecado várias vezes (e quantas) no dia, na semana, etc.
      Prática. – Quanto melhor fizerdes o exame de consciência, tanto melhor fareis conhecer o vosso estado ao confessor, que, por isso, poderá também dar-vos conselhos mais adequados ao vosso caso e às vossas necessidades.
      & 2º. – Dor e propósito
      361. – Que é a dor?
      A dor ou arrependimento é o desgosto e a aversão ou detestação dos pecados cometidos, que nos leva a fazer o propósito de nunca mais pecar.
      Explicação. – Entre as cinco coisas que se requerem para fazer uma boa confissão, a mais necessária é a dor. A dor é: a) o desgosto e aversão ou detestação dos pecados. É dor a sensação que se tem do mal. Pode sentir-se dor no corpo ou na alma. Se eu bater no corpo ou o ferir, ele sente dor; se der uma má notícia ou dirigir uma injúria, a alma sofre, experimenta pesar. Dor dos pecados é sentir o mal do pecado, experimentar por ele tédio, pena, tristeza, desgosto, ou melhor, aversão. Se alguém conhece o mal do pecado e sente por ele pesar, este leva-o a detestar o pecado, no qual vê o maior mal; b) é o pesar e a aversão pelos pecados cometidos, que leva a fazer o propósito de nunca mais pecar. Odiando o pecado, desejar-se-ia não o ter cometido, pois ninguém pode desejar o que odeia; e por isso faz-se o propósito de não o cometer, de não mais pecar.
      362. – De quantas espécies é a dor?
      A dor é de duas espécies: perfeita ou contrição, e imperfeita ou atrição.
      363. – Que é a dor perfeita ou contrição?
      A dor perfeita ou contrição é o desgosto ou pesar dos pecados cometidos, porque são ofensa à Deus nosso Pai, infinitamente bom e amável, e causa da Paixão e Morte do Nosso Redentor Jesus Cristo, Filho de Deus,
      364. − Por que é que a contrição é dor perfeita?
      A contrição é dor perfeita, porque provém de um motivo perfeito, isto é, do amor filial de Deus ou caridade, e porque nos obtém imediatamente o perdão dos pecados, subsistindo, porém, a obrigação de os confessar.
      Explicação. – 1º. O pecado é um mal gravíssimo. Ofende a Deus e torna-nos merecedores de severos castigos. Ora uma pessoa que tenha pecado pode arrepender-se do seu pecado ou porque vê nele uma ofensa a Deus, ou porque ele lhe mereceu os castigos de Deus. Se se arrepende, porque com o pecado ofendeu a Deus, que é nosso Pai, infinitamente bom e amável, ou porque o pecado é causa da Paixão e Morte do Nosso Redentor Jesus Cristo tem a dor perfeita, que se chama também contrição. .
      2º. Esta dor chama-se perfeita por dois motivos a) porque nasce dum amor perfeito, isto é, do amor filial. Quer dizer, quem tem a contrição, está arrependido dos seus pecados, não pelo mal de que se tornou merecedor, mas porque fez a Deus uma ofensa, porque com o pecado lhe causou desgosto quando ele merece que o amem sobre todas as coisas; b) porque nos obtém logo, etc. A contrição obtém-nos logo o perdão dos pecados. Quando Deus, a suprema bondade, vê um homem arrependido sinceramente de o haver ofendido, tem piedade dele, e perdoa-lhe logo. Todavia, quem tiver obtido o perdão por este modo, deverá fazer a confissão dos seus pecados. Deus perdoou-lhe com esta condição, e, por isso, impende-lhe o grave dever de os confessar, embora estejam já perdoados O propósito de os confessar está incluído na contrição, porque quem tem contrição não quer o pecado, antes o repudia, e deseja o perdão, dele; deseja este perdão nas condições que Deus lhe põe, e por isso quer confessá-los. Se depois mudasse de propósito e não os confessasse, os pecados perdoados não reviveriam mas ele cometeria um pecado grave de omissão, por deixar de cumprir um grave dever; pecado este, que lhe não será perdoado, se ele não cumprir o seu dever, isto é, se não confessar aqueles pecados.
      Prática. – Procurai estimar quanto merece a dor perfeita. – Se, por desventura, caístes em pecado, não permaneçais nele uma hora sequer. Regressai prontamente à graça de Deus, ao menos, com um ato de contrição perfeita.
      Exemplos. – A Madalena arrependida. – (Vede n.° i34, ex.) −
      Nesta mulher (que muitos julgam ser a Madalena) vemos a verdadeira dor dos pecados, dos quais ela se arrepende e chora, por serem uma ofensa a Deus, que ama já, como Jesus Cristo o certifica.

      A dor de S. Pedro. Dor perfeita foi também a de S. Pedro. Não foram precisas ameaças, nem castigos para o dispor a arrepender-se, de haver renegado o seu Divino Mestre. Um só olhar de Jesus Cristo foi o bastante para despertar no coração do arrependido discípulo os sentimentos da mais viva dor. Lemos, efetivamente, no Evangelho de S. Lucas (capitulo XXII, 61 e 62): “Voltando-se o Senhor, pôs os olhos em Pedro… e Pedro, tendo saído para fora, chorou amargamente”. A evocação do amor de Jesus e da sua própria ingratidão foram os motivos da sua dor acerba, digna de um apóstolo verdadeiramente penitente.
      Um ato de contrição e um ato de desesperação. – É salutar a recordação do seguinte fato sucedido em Viena, no incêndio do teatro do Ring (8 de dezembro de 188f). Tinha uma mulher levado consigo ao teatro um sobrinho de 10 anos. Quando se ateou o terrível incêndio, no qual pereceram mais de mil pessoas, encontrou-se com o menino e com outras vinte pessoas encerrada num palco, sem esperança de salvação. Naquela trágica situação, o menino grita: Minha tia, disse o padre Müller no catecismo que, quando nos encontramos em perigo de morte e não há confessor, se fizermos o ato de contrição perfeita, Deus nos perdoa; digamo-lo. A criança principia-o e todas as mais pessoas presentes crentes e descrentes, católicas, protestantes, a acompanham! Poucos minutos depois chegam os salvadores. Enquanto nas outras salas houve quem não duvidasse fazer novas vítimas para ser o primeiro a salvar-se, naquele palco foram encontrados todos ajoelhados e calmos; saíram e salvaram-se todos. – Oh! o valor do ato de contrição nos lábios daquele menino!
      Pequei contra o Senhor. – David, como já recordamos, tinha cometido graves pecados, e vivia como se nada tivesse acontecido. Deus enviou-lhe o profeta Natán, o qual por meio duma parábola, lhe recordou e censurou os delitos e o ameaçou, em nome de Deus, com severos castigos. David reconheceu os seus delitos e detestou-os, não por temer os castigos, mas porque eram uma ofensa ao Senhor, como se depreende das suas palavras: “Pequei contra o Senhor”. E Natán então, em nome de Deus, certificou-o do perdão: “O Senhor tirou o teu pecado” (II Reis, XII).
      365. – Que é a dor imperfeita ou atrição?
      A dor imperfeita ou atrição é o desgosto ou pesar dos pecados cometidos, pelo temor dos castigos eternos e temporais, ou ainda pela torpeza do pecado.
      366. – Por que é que a atrição é dor imperfeita?
      A atrição é dor imperfeita porque provém de motivos menos perfeitos e próprios mais de servos que de filhos, e porque nos não obtém o perdão dos pecados senão mediante o sacramento.
      Explicação. – 1° A dor imperfeita, também chamada simplesmente atrição, é o desgosto ou pesar dos pecados: a) por temor dos castigos eternos e temporais. Deus, que é infinitamente justo, deve punir o pecado. Quem se arrepende dos seus pecados por temor dos castigos divinos, quer estes sejam eternos quer temporais, tem a dor imperfeita. Quem, pelo contrário, se arrepende dos pecados só pelas consequências naturais que deles resultem, não tem dor suficiente para obter o perdão. − Há diferença entre os castigos temporais do pecado e as consequências naturais? Há; e podeis compreendê-lo pelos seguintes exemplos. Um indivíduo praticou um roubo, foi descoberto e por causa dele processado e condenado. Se se arrepende do seu pecado só porque mereceu a prisão, não tem verdadeira dor dele, pelo que diz respeito ao sacramento da Penitência. Outro indivíduo caiu doente e considera a sua doença como um castigo do pecado. Se se arrepender do pecado por lhe haver merecido de Deus este castigo, esse indivíduo tem atrição. – b) ou pela torpeza do pecado. Quem considerar que o pecado é uma coisa torpe e indigna do homem, e mais ainda do cristão, e por esse motivo se arrepender dele, tem também atrição.
      2.° Por dois motivos a atrição é uma dor imperfeita: a) porque nasce de motivos menos perfeitos, mais próprios de servos que de filhos. Ela é, em suma, excitada não pelo amor de Deus, mas pelo interesse e pelo amor pessoal; é-o pelo temor dos castigos merecidos de Deus; b) porque não nos obtém o perdão dos pecados senão mediante o sacramento. A atrição, por si só, não nos obtém o perdão dos pecados; é mister acrescentar-lhe a absolvição sacramental. Esta absolvição sacramental, para alcançar o perdão, exige na alma, pelo menos, a dor imperfeita. A este salutar temor da dor imperfeita se referia Jesus quando dizia: “Não temais aos que matam o corpo e não podem matar a alma: temei antes, porém, ao que pode lançar no inferno tanto a alma como o corpo” (S. Mateus, X, 28); “temei aquele que… tem poder de lançar no inferno: sim, eu vo-lo digo, temei a este” (S. Lucas, XII, 5),
      Prática. – Quando vos fordes confessar, não vos contenteis com a atrição, mas excitai-vos sempre a contrição perfeita. Tereis assim maior segurança do perdão dos pecados, obtereis graças mais copiosas, tirareis melhor fruto da confissão e perseverareis mais fàcilmente no bem.
      367. – É necessário ter dor de todos os pecados cometidos?
      É necessário ter dor de todos os pecados mortais cometidos, sem exceção; e convém tê-la também dos veniais.
      368. – Por que é necessário ter dor de todos os pecados mortais?
      É necessário ter dor de todos os pecados mortais, porque com qualquer deles se ofendeu gravemente a Deus, se perdeu a sua graça, e se merece ficar separado dele para sempre.
      Explicação. – 1º. A dor é necessária. Sem dor, nenhum pecado é perdoado. Enquanto não estivermos arrependidos do nosso pecado, a nossa vontade continua a querer aquilo que Deus não quer, e, portanto, a ser contrária a Deus. Enquanto a nossa vontade quer o que Deus não quer, Deus não nos pode perdoar. Deus detesta necessariamente o mal; mas enquanto não nos arrependermos do pecado, temos unido ao nosso coração aquilo que Deus detesta.
      Ensina-nos o Espírito Santo: “Convertei-vos a mim de todo o vosso coração… e rasgai os vossos corações” (Joel, 11, 12, 13). “Convertei-vos… lançai para muito longe de vós todas as vossas prevaricações de que vos fizestes culpáveis; e fazei-vos um coração novo e um espírito novo” (Ezequiel, XVIII, 30, 31). S. Pedro intimava aos judeus: “Portanto, arrependei-vos e convertei-vos, para que os vossos pecados vos sejam perdoados” (Atos dos Apóstolos, III, 19). E a Igreja ensina-nos, que, entre todos os atos do penitente, a dor ocupa o primeiro lugar, isto é, é o mais necessário (Conc. Tridentino, De poenit., cap. IV). Um enfermo, por exemplo, que não possa confessar-se por não poder manifestar os seus pecados, pode, todavia ser absolvido e obter o perdão, se estiver sinceramente arrependido deles.
      2.° A dor deve estender-se a todos os pecados mortais cometidos, sem exceção. Se apenas de um se não está arrependido, não se obtém o perdão de nenhum. O dom da misericórdia divina (e, portanto, do perdão) não se pode dividir: ou tudo ou nada, porque Deus não pode habitar debaixo do mesmo teto com o pecado. Todo o pecado mortal é uma ofensa grave a Deus, faz perder a sua graça e merecer o inferno, a eterna separação dEle. Por conseguinte, enquanto se estiver preso a um só pecado mortal, está-se sempre em estado de ofensa a Deus, privado da sua graça, etc. O arrependimento supõe o regresso do coração a Deus; mas não se pode regressar a Deus, enquanto se ama ainda que seja uma coisa só, que Deus gravemente deteste e reprove.
      3.° Convém tê-la também dos veniais. A propósito dos pecados veniais, importa observar o seguinte: a) ou um indivíduo se confessa apenas de pecados veniais, e neste caso, para tornar válida a confissão, deve estar arrependido, ao menos, de um deles; mas, querendo obter o perdão de todos, deve estar arrependido de todos: b) ou, pelo contrário, confessa-se também de pecados mortais, e então, para obter o perdão destes, basta que esteja arrependido deles. Se, porém, quiser obter também o perdão dos veniais, é preciso que o arrependimento se estenda também a estes.
      Prática. − Para termos dor dos pecados, precisamos de fazer duas coisas: a) pedi-la a Deus na oração. A dor sincera dos pecados é uma graça preciosa, que se obtém particularmente com a oração; – b) excitá-la em nós, considerando o grande mal que é o pecado, tal como o consideramos no ato de contrição; pois que, assim como se teme um perigo quando se conhece a sua gravidade; assim conhecer o pecado, saber o mal que ele é, leva necessariamente a detestá-lo. – Se, por fortuna vossa, vos confessais apenas de pecados veniais, excitai-vos à dor deles, considerando uma imagem do Coração de Jesus, onde eles são representados pelos espinhos.
      Exemplo. – A raiz da planta e a dor dos pecados. – Dizia um catequista aos seus meninos: observai uma árvore; distinguis nela três partes: a raiz, o tronco e os ramos. Ora, qual destas três é a parte vital, a que dá a vida a toda a árvore e que não se lhe pode tirar sem a fazer morrer? A raiz. Pode uma árvore viver sem raiz? Dizei o mesmo da Penitência, das três partes que nela devem concorrer, contrição, confissão e satisfação, a mais necessária, a parte vital, numa palavra, a raiz, é a contrição.
      Os ídolos de Cromácio. − No tempo do imperador Diocleciano, Cromácio, antigo Prefeito de Roma, era bastante atormentado pela gota. Sabendo que Tranquilo havia sido milagrosamente curado com o Batismo, mandou chamar S. Sebastião e S. Policarpo, para que o curassem. S. Sebastião disse-lhe que, se queria curar-se, era mister que cresse em Jesus Cristo, que recebesse o Batismo e destruísse todos os ídolos que possuía. Cromácio consentiu, mas não teve melhoras. Com toda a franqueza, S. Sebastião e S. Policarpo disseram-lhe que ou ele não tinha fé verdadeira em Jesus Cristo, ou guardava escondido algum ídolo. Então Cromácio confessou que tinha num quarto um templozinho de cristal, e que o tinha conservado por ser uma coisa de estimação e um ornamento da casa. Fizeram-lhe ver os dois Santos que por isso mesmo Deus lhe não tinha concedido a cura. Cromácio destruiu também aquele templozinho e, apenas ele foi reduzido a estilhas, ficou livre do mal que o atormentava. – Semelhantemente, um só ídolo do pecado mortal, que se não destrua com verdadeira dor, é o bastante para impedir que seja restituída à alma a vida da graça.
      369. – Que é o propósito?
      O propósito é a vontade firme de nunca mais cometer pecados e de fugir das ocasiões.
      Explicação. − A dor dos pecados produz o propósito. Diz-se propósito a vontade firme, resolutamente determinada:
      1.° De nunca mais cometer pecados. Tal vontade é uma consequência necessária e natural da dor. Detestando o pecado, desejar-se-ia não o ter cometido e, por isso, propõe-se firmemente não o tornar a cometer no futuro. Eis, por exemplo, um menino que, com uma desobediência grave, ofendeu o pai. Arrepende-se disso e pede-lhe perdão; mas, ao mesmo tempo, promete não tornar a desobedecer. Assim o ato de contrição é um ato de dor de propósito. Aquele que desejaria não ter cometido o pecado de que se arrepende, não deseja tornar a cometê-lo no futuro.
      2.° E de fugir das ocasiões. Tomando a resolução de não pecar mais, é natural que essa resolução seja também de fugir das ocasiões do pecado, isto é, de evitar o que induz ao pecado. Quem deseja sinceramente uma coisa, deseja também os meios necessários para o conseguir; quem propõe não cometer mais pecados, propõe igualmente evitar as ocasiões que o induziriam ao pecado.
      370. – Que é a ocasião do pecado?
      A ocasião do pecado é aquilo que nos põe em perigo de pecar, ou seja pessoa ou coisa.
      371. – Somos obrigados a fugir das ocasiões dos pecados?
      Somos obrigados a fugir das ocasiões dos pecados, porque somos obrigados a evitar o pecado; quem não foge acaba por cair, pois que “quem ama o perigo nele perecerá” (Ecles. III, 27).
      Explicação. – 1° Diz-se ocasião de pecado aquilo que nos põe em perigo de pecar. Pode ser constituída tanto por uma pessoa como por uma coisa. Por exemplo: sei que, indo com um companheiro, ele me induzirá a desobedecer, ou a roubar. Portanto o meu propósito não deve ser só o de não tornar a desobedecer ou a roubar, mas o de não tornar a andar com esse companheiro, que é para mim uma ocasião, um perigo de tornar a desobedecer, ou a roubar.
      Uma coisa pode ser para um indivíduo ocasião e perigo de pecado e não o ser para outro. Um homem dado à bebida sabe que passando perto duma taberna, se deixa atrair pelo vinho; ao passo que um outro passa por diante dela sem fazer caso. O primeiro, para quem a taberna é uma ocasião de pecado, tem o dever de a evitar.
      2.° O catecismo diz-nos claramente que temos o dever de fugir das ocasiões, porque devemos fugir do pecado. Se devemos fugir do efeito, da consequência, devemos também fugir da causa. Quem não foge das ocasiões, acaba por cair no pecado, como nos adverte o Espírito Santo: “O que ama o perigo, perecerá nele”. Jesus Cristo teve palavras severíssimas sobre o dever que temos de fugir, custe o que custar, das ocasiões, que ele disse serem causa de escândalo.
      Prática. – Dai grande importância também ao propósito. Infelizmente, vendo tantos voltarem, com tanta facilidade, aos pecados de antes, têm-se fortes motivos para duvidar da sinceridade do seu propósito. Que assim não suceda convosco! – E, por isso, procurai conhecer as coisas que vos levaram ao pecado, para vos acautelardes delas. Se algum se encontrar em ocasião de pecado e não a puder deixar, deve comunicá-lo ao confessor, que lhe sugerirá os meios necessários para o seu caso, a fim de conseguir perseverar no bem e não mais cair.
      Exemplos. – A pecadora conduzida à presença de Jesus. – O verdadeiro propósito manifesta-se pelos frutos, isto é, pela reforma, pela mudança de vida. Esta necessidade pô-la bem em evidência Jesus, ao despedir a mulher que ele salvou da lapidação. Tendo os Judeus surpreendido uma mulher a cometer um pecado, conduziram-na a Jesus e disseram-lhe: “Mestre, esta mulher foi agora mesmo apanhada em pecado. E Moisés na lei mandou-nos apedrejar a estas tais. Que dizes tu logo? Diziam, sem dúvida, isto para o tentarem e terem de que o acusar. Porém Jesus, abaixando-se, pôs-se a escrever com o dedo na terra. E, como eles perseveraram em fazer-lhe perguntas, ergue-se Jesus, e disse-lhes: O que de vós outros está sem pecado, seja o primeiro a apedrejá-la. E, tornando a abaixar-se, escrevia na terra. Mas eles, ouvindo-o, foram saindo um a um, sendo os mais velhos os primeiros; e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio, em pé. Então erguendo-se, Jesus disse-lhe: Mulher, onde estão os que te acusam? ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor. Então disse Jesus: Nem eu tão pouco condenarei; vai, e não peques mais” (S. João, VIII, 4-11).
      O último copo de vinho. – Carlos XII, rei da Suécia, tendo bebido demais, faltou ao respeito, por palavras, a sua mãe. No dia seguinte, quando o soube, teve um grande desgosto. Foi-lhe pedir perdão e mandou buscar um copo de vinho, que bebeu na presença dela, dizendo-lhe: “para não tornar a cair mais na falta que deploro, é este o último copo de vinho que eu bebo”.
      O lobo perseguido pelos pastores. – Diz Santo Ambrósio: Observai o lobo que vai para assaltar o rebanho. Os cães e os guardas, mal reparam nele, dão-lhe caça; e o lobo, acovardado, torna a meter-se na floresta. Acaso direis que ele se mude e que de lobo se faça cordeiro? Não. Ele torna para trás não já com soberba, mas com medo; todavia é lobo como era antes. – Assim certos pecadores, corrigidos e admoestados pela palavra zelosa do confessor, ou intimidados salutarmente por algum sinistro ou alguma doença com que Deus os feriu, partem do confessionário com a cabeça baixa, mas não com o coração mudado. Logo que se desvanece da memória das palavras salutares ou que cessa a tribulação, continuam a proceder como antes, porque são os mesmos que eram antes.
      & 3º. – Confissão dos pecados

      372. –Que é a confissão?
      A confissão é a acusação dos pecados feita ao sacerdote confessor, para receber a absolvição.
      Explicação. – 1º. A terceira coisa que se requer para o sacramento da Penitência é a confissão. Chama-se confissão a acusação dos pecados feita ao sacerdote confessor, para receber a absolvição. Não basta manifestar os pecados ao confessor; é preciso fazer uma verdadeira acusação deles. Fazer a acusação dos pecados quer dizer não só contar os pecados ao confessor, mas acusar-se deles como culpado. Esta acusação faz-se para obter a absolvição, isto é, para que nos sejam perdoados, e para receber a ;penitência. − Nos tribunais citam-se testemunhas, que acusam o réu, e depois há o Ministério Público, que sustenta a acusação. No sacramento da Penitência é o próprio culpado que manifesta e acusa as suas culpas.
      2º. É necessário acusar os próprios pecados ao confessor? É Deus que quer de nós esta acusação, ou foi a Igreja que a estabeleceu? Já vos recordei (n.° 356) como Jesus Cristo, conferiu à Igreja o poder de perdoar e de reter os pecados. Ele não disse claramente que os confessássemos, mas disse-o implicitamente, como se eu vos disser que escrevais, posto que vos não diga explicitamente que tomeis a pena e o caderno, digo-vo-lo implicitamente, pois, exprimindo-me por aquela forma, entendo dizer que façais tudo o que é necessário para escrever. Ora, refleti: 1) Jesus Cristo conferiu não só o poder de perdoar, mas também o de reter os pecados. Mas, porventura, hão de se perdoar os pecados ao acaso? Não, mas unicamente a quem merece o perdão. Mas como saber se alguém merece ou não o perdão, quando se não conhecem os seus pecados? Se o sacerdote não conhece os pecados que perdoa, com que discernimento há de proceder? Como pode saber se o penitente está ou não bem disposto? Arrependido ou não arrependido? Resolvido ou não a nunca mais os cometer? – 2) Jesus, perdoando, quer o bem do pecador arrependido e, por conseguinte, o confessor, antes de lhe conceder a absolvição, dá-lhe alguns avisos salutares para excitar nele, mais vivamente, o ódio ao pecado cometido, bem como o propósito de não tornar a cometê-lo, e para o instruir sobre o modo de se conduzir para não cair de novo. Poderia o confessor fazer bem, não conhecendo os pecados do penitente?
      3.° Há três outras provas absolutas de que a manifestação, ou antes, acusação dos pecados é uma coisa que Deus quer, isto é, de que a confissão é divina: 1) Se a confissão, como manifestação dos pecados para obter o perdão, não tivesse sido instituída por Jesus Cristo, havia de se saber por quem, como, quando e onde foi instituída, como se conhecem os autores de todas as principais instituições. Uma instituição tão importante havia necessariamente de deixar vestígio de si. Em vez disto, da confissão sabe-se apenas que foi sempre praticada. Contra quaisquer inovações estão de vigia na igreja os sagrados Pastores, os fiéis e os próprios hereges. Estes últimos ter-se-iam dado por felizes se tivessem conseguido apontar à Igreja uma inovação tão extraordinária, a fim de justificarem a sua separação, 2) Se Jesus Cristo não a tivesse instituído, ela não existiria. Suponde que a confissão não existia e que alguém vos vinha intimar: Doravante haveis de vos confessar; que lhe responderíeis? Perguntaríeis porquê, com que direito era intimado tal dever, e não vos renderíeis aos pretextos que se alegassem a propósito. Se fosse um homem que a tivesse inventado e intimado, ele teria sido acolhido como vós acolheríeis aquele que primeiro vo-la impusesse; e a confissão nunca teria sido aceita. Ao contrário, sempre e em toda a parte os cristãos se, confessaram e se confessam. Portanto, se se confessam, se se submeteram e se submetem a este dever oneroso, reconheceram que o preceito de confessar os próprios pecados, para obter o perdão deles, veio de Deus. — 3) Se tivessem sido os homens, isto é, os padres, quem tivesse estabelecido a confissão, não a teriam imposto a si mesmos. Teriam imposto a obrigação apenas aos outros. Em vez disto, todos, incluindo os padres, os Bispos e até o Papa, se tiverem pecados, têm o dever de se confessar. Ninguém se pode absolver a si mesmo; para obter a absolvição, deve cada qual confessar-se a outro; tanto o Papa como o ultimo fiel deve acusar os próprios pecados ao confessor para alcançar o perdão deles.
      Prática. — Quando vos confessardes, não vos limiteis a contar os pecados, mas fazei uma verdadeira acusação deles, bem distinta, clara e particularizada; e não imiteis aqueles meninos que se confessam, empregando expressões genéricas, como: Tenho cometido pecados, tenho desejado coisas más, etc. — Confessai-vos também dos pecados veniais, para obterdes mais facilmente o perdão deles.
      Exemplos. — Narrais, mas não confessais os pecados. — Contou um jovem ter-se confessado a S. Francisco de Sales e ter notado que, à medida que ia dizendo os pecados, o Santo chorava cada vez mais dolorosamente. Surpreendido e estupefato, perguntou-lhe a causa. Respondeu-lhe o Santo: “Choro, porque apenas me narrais e não confessais os vossos pecados”. — Que este fato vos sirva também de exemplo; não façais ao confessor uma simples narração das vossas culpas, mas uma verdadeira e dolorosa acusação.
      Onde vais? — Não há nada que tanto anime a vencer a vergonha e a acusar claramente os pecados ao confessor como o pensamento da necessidade e dos efeitos da confissão. Santo Afonso conta que o demônio apareceu a uma pecadora que ia confessar-se e lhe perguntou: Onde vais? Ela respondeu-lhe: Vou confundir-me a mim e a ti. – É assim. O pecador confunde-se humildemente a si mesmo em proveito da salvação, e confunde o demônio despedaçando as cadeias da sua escravidão.

      373. — De que pecados somos obrigados a confessar-nos?
      Somos obrigados a confessar-nos de todos os pecados mortais ainda não confessados ou mal confessados; é bom, porém, confessar também os veniais.
      Explicação. — Devemos, como nos ensina o catecismo, confessar-nos de todos os pecados mortais ainda não confessados e de todos os que tivermos confessado mal. Se, por exemplo, alguém se recordar de ter esquecido, no ano que passou, um pecado mortal, tem o dever de o confessar, porque é um pecado ainda não confessado. Se, pelo contrário, se recordou do pecado no ano que passou, mas não se atreveu a confessá-lo não é bastante que confesse esse pecado, deve confessar também todos os outros pecados mortais daquela confissão e das seguintes, porque são mal confessados. Além disso, deve confessar os sacrilégios cometidos (n. 378). Dos pecados veniais não diz o catecismo que sejamos obrigados a confessar-nos, diz apenas que é bom, porque o perdão deles podemos obtê-lo também com outros meios, ao passo que dos mortais só podemos obter o perdão com a condição de, podendo, nos confessarmos deles, ou termos esse propósito.
      374. —Como devemos acusar os pecados mortais?
      Devemos acusar os pecados mortais inteiramente, sem nos deixarmos induzir por uma falsa vergonha a ocultar algum, declarando a espécie, o número e também as circunstâncias que acrescentem uma nova malícia grave.
      Quem se não lembra do número preciso dos pecados mortais, que deve fazer?
      Quem se não lembra do número preciso dos pecados mortais, deve dar a entender o número que lhe pareça mais próximo da verdade.
      Explicação. — 1.° Devemos, em primeiro lugar, confessar os pecados mortais inteiramente, isto é, todos e sem os atenuar. Não nos devemos deixar vencer por uma falsa vergonha e calar algum. Os pecados mortais devem-se confessar todos sem exceção. Já que ousamos cometê-los diante de Deus, porque havemos de nos envergonhar de os confessar ao seu ministro?
      2º. Devemos, além disso, declarar três coisas:
      1) A espécie. Que se entende por espécie do pecado? Eu vo-lo explico com um exemplo: suponde dois meninos que se detiveram em maus pensamentos, dando-lhes inteira complacência; um pensou, voluntàriamente, no modo de se vingar dum companheiro, que lhe causou um dissabor; o outro pensou, também voluntàriamente, no modo de cometer um furto. Se estes meninos dissessem só que tiveram maus pensamentos, confessam-se bem?… Não; mas devem dizer a espécie, isto é, a qualidade do mau pensamento que tiveram: o primeiro de vingança, o segundo de furto. O mesmo direi a respeito dos outros pecados: é preciso indicar a qualidade especial do pecado, a qual é determinada pela virtude a que se opõe ou pela maneira particular como foi violada. Por isso, quem tivesse cometido um furto ou batido num companheiro, não se confessaria bem, se dissesse: faltei duas vezes à justiça (isto é, à virtude que proíbe roubar, bater, etc.); porque no primeiro caso ofendeu o próximo nos haveres, e no segundo ofendeu-o na pessoa. Do mesmo modo, se alguém bateu no pai, não se confessa bem dizendo só que bateu, mas deve dizer em quem bateu; porque, tratando-se do pai, o pecado é de espécie diversa da simples pancada, visto ter-se violado também o quarto mandamento e ofendido a virtude da piedade.
      Numa palavra, é mister declarar o pecado cometido como ele é realmente e não o dizer de um modo vago e confuso sòmente. E sem isso, o confessor não poderia dar-nos os conselhos oportunos e admoestar-nos convenientemente dos nossos deveres.
      2) O número. É necessário dizer quantas vezes se cometeu um pecado mortal: por exemplo, se alguém faltou três vezes à missa do domingo deve dizer claramente que foram três as missas omitidas.
      Se não souber o número exato, deve dizer aquele que lhe parece mais aproximado da verdade. E para conseguir encontrar mais fàcilmente este número aproximado, convém que, ao fazer o exame de consciência, pense nas ocasiões em que costumava cometer o pecado, se em determinadas circunstâncias particulares ou habitualmente, se poucas ou muitas vezes por mês, por semana, ou por dia.
      3) As circunstâncias que acrescentem uma nova malícia grave ao pecado, e, portanto, ao pecado grave uma malícia é como um novo pecado. Compreendeis isto melhor por meio dum exemplo. Quem roubar uma soma importante de dinheiro comete um pecado grave de furto. Mas, se esse mesmo dinheiro for roubado à Igreja, essa pessoa acrescenta ao roubo uma circunstância grave, o sacrilégio, que tem o dever de confessar.
      Semelhantemente, quem desejar a morte duma pessoa, comete um pecado grave contra a caridade; mas quem deseja a morte dos pais, comete um pecado que ofende também a piedade devida ao pai e à mãe. Transgride, pois, dois mandamentos, o quinto e o quarto, e por isso nestes casos, o pecado muda de espécie, isto é, acrescenta à primeira espécie uma segunda, visto serem dois os mandamentos transgredidos.
      376. — Por que é que não nos devemos deixar induzir pela vergonha a ocultar qualquer pecado mortal?
      Não nos devemos deixar induzir pela vergonha a ocultar qualquer pecado mortal, porque nos confessamos a Jesus Cristo na pessoa do confessor, e este não pode revelar pecado algum, ainda a custo da vida; e porque, de outro modo, não obtendo o perdão, seremos envergonhados na presença de todos, no juízo universal.
      Explicação. — Confessar certos pecados é uma coisa que custa bastante. Considerai, porém, que a confissão é um remédio para o pecado. O pecado é um prazer desordenado e um ato de soberba. A dor e a penitência são uma expiação do prazer ilícito; a confissão uma humilhação para o ato de soberba. O sacrifício que custa confessar certos pecados, é bastante atenuado, se estivermos bem persuadidos do que ensina aqui o catecismo, a saber:
      1.° Que nos confessamos a Jesus Cristo na pessoa do confessor. O confessor faz as vezes de Jesus Cristo, representa-o. Deveis logo pensar que o confessor terá para convosco os sentimentos de piedade e de caridade que Jesus Cristo teve para com os pobres pecadores, por cuja salvação padeceu e morreu; que o confessor deve representar Jesus Cristo do melhor modo possível e, portanto, que procurará fazer seus os sentimentos piedosos de Jesus; que o confessor amará a vossa alma, que lhe é confiada, e pensará na grandeza do ministério que desempenha: dar-vos o perdão, aplicando-vos os merecimentos da Paixão e Morte de Jesus Cristo, libertar-vos das cadeias do demônio, fechar-vos o inferno e abrir-vos o paraíso. Se considerardes estas verdades, dissipa-se toda a dificuldade séria de confessardes sinceramente os vossos pecados.
      2.° Que o confessor não pode revelar pecado algum ainda mesmo a custo da vida. É este um ponto que deveis recordar, especialmente quando o demônio tentar induzir-vos a faltar à sinceridade na confissão; o confessor nunca pode, nem mesmo para salvar a vida, declarar os pecados ouvidos em confissão ; antes, não pode tão pouco falar-vos deles fora da confissão, sem licença vossa. Deus vela com singular providência pela guarda deste sigilo, a ponto de, havendo sacerdotes apóstatas, sacrílegos e outros que renunciaram ao sagrado ministério, ou que perderam o uso da razão, nenhum ter jamais violado o sigilo sacramental; todos o têm respeitado. O que obriga a dizer: Anda aqui o dedo de Deus.
      3.° Que, de outro modo, não obtendo o perdão, seremos envergonhados na presença de todos, no juízo universal. Eis a alternativa em que nos achamos: ou confessarmos o pecado a Jesus Cristo na pessoa do confessor, que não poderá dize-lo a ninguém, nem mesmo para salvar a sua vida; ou então sermos depois envergonhados diante de todos, parentes, amigos, conhecidos, no juízo universal. Quem tiver, já não digo uma viva fé, mas um bocadinho só que seja de bom senso, que escolhe? que resolve?
      Prática. – Quando vos encontrardes angustiados por ter de confessar um pecado e não conseguirdes resolver-vos, dizei assim ao confessor: “Tenho um pecado que não me atrevo a confessar”. Com o auxílio do confessor fareis uma boa confissão. – Acautelai-vos do terrível engano com que o demônio tem feito perder tantas almas: Confessar-me-ei dele noutra ocasião. Refleti: se agora experimentais tanta dificuldade em confessar o pecado, como haveis de poder confessá-lo mais tarde quando estiverdes carregados de novas culpas ou novos sacrilégios? Tereis tempo e vontade para isso? Meter-vos-íeis pelo caminho do inferno, e dificilmente tornareis atrás, porque à confissão sacrílega seguir-se-á a comunhão indigna; e, outros sacrilégios, como anéis de uma cadeia, que se juntam e arrastam frequentes vezes ao inferno.
      Exemplos. — A restituição do demônio. — Um dia, Santo Antonino, Arcebispo de Florença, encontrou o demônio na igreja. Que fazes aqui? perguntou-lhe. O demônio respondeu: Faço uma boa obra, restituo. Quando induzia os cristãos a pecar, tirava-lhes a vergonha; agora, que querem confessar-se, restituo-lha. — Se vos atrevestes a cometer o pecado, tende também coragem de o confessar.
      Parábola da ovelha perdida. — “Chegavam-se, pois, a Jesus os publicanos e os pecadores, para o ouvirem. E os Fariseus e os Escribas murmuravam, dizendo: Este recebe os pecadores, e come com eles. E ele lhes propôs esta parábola, dizendo: Qual de vós outros é o homem que tem cem ovelhas, e, se perde uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai buscar a que se havia perdido, até que a encontre? E que, depois de a encontrar, a põe sobre seus ombros cheio de gosto; e, vindo à casa, chama os seus amigos, e vizinhos, dizendo-lhes: Congratulai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que se havia perdido. Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu sobre um só pecador que fizer penitência do que sobre noventa e nove justos que não hão mister de penitência” (S. Lucas, XV, 1-7).
      Parábola da dracma. — “Ou que mulher há que, tendo dez dracmas, e perdendo uma, não acende a candeia, e não varre a casa, e não a busque com muito sentido, até que a ache? E que depois de a achar, não convoque as suas amigas e vizinhas, para lhes dizer: Congratulai-vos comigo, porque achei a dracma que tinha perdido. Assim vos digo eu que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um pecador que faz penitência” (S. Lucas, XV, 8-10). — E logo, em confirmação, contou a parábola do filho pródigo n.° 358, ex.).
      S. João Nepomuceno. — S. João Nepomuceno, cônego de Praga, era confessor da rainha consorte de Venceslau VI, rei da Boêmia. Este, suspeitoso e vicioso, pretendia saber de S. João os pecados que a rainha tinha confessado. S. João recusou resolutamente. O rei recorreu em vão a lisonjas, a promessas e ameaças; deu ordem para que o manietassem e intimou-lhe que manifestasse tudo, sob pena de ser lançado no rio Moldava. S. João respondeu firmemente: Não posso. O rei mandou-o então lançar ao rio. Passava-se isto na noite de 16 de maio de 1383. Deus glorificou o mártir do sigilo sacramental com grande número de milagres: uma luz extraordinária fez que se encontrasse o seu cadáver; muitos enfermos curaram-se invocando-o; e quando, 336 anos depois, foi aberto o seu sepulcro, viu-se que, enquanto do cadáver não havia senão o esqueleto, a língua estava ainda intacta como se o Santo tivesse morrido nessa ocasião.
      Deus vela pelo sigilo sacramental! — Tendo enlouquecido um sacerdote, alguns jovens seus conhecidos tentaram arrancar-lhe coisas ou- vidas nas confissões. Principiaram por interrogá-lo sobre coisas estranhas ao sacramento, e o pobre sacerdote respondia, excitando ao riso os seus interlocutores. Depois, um destes interrogou-o acerca dos pecados de uma certa pessoa, de quem o sacerdote tinha sido confessor. Este, pondo-se sério, acercou-se do jovem imprudente e deu-lhe uma sonora bofetada. O jovem emudeceu e nem sequer tentou renovar a experiência, reconhecendo como, de fato, Deus vela pelo sigilo sacramental.
      Vítima do sigilo sacramental. — Em 1844, era condenado a 10 anos de trabalhos forçados, pelo tribunal de Baltimore (Estados Unidos), o padre Lutz, acusado, segundo o libelo, de ter roubado, abusando do seu ministério, uma importante quantia de dinheiro a um banqueiro gravemente enfermo e que em seguida morreu. Na audiência, o Padre Lutz proclamou-se inteiramente inocente da culpa que se lhe imputava, mas, com igual firmeza, declarou não poder revelar o motivo por que fora encontrado na sua posse o dinheiro cuja falta se descobriu em casa do banqueiro. Em 1897 informaram os jornais americanos que, tendo-se procedido à revisão daquele processo, o tribunal absolveu o digno sacerdote, o qual já havia expiado dois anos da pena a que fora injustamente condenado. O presidente declarou estar profundamente contristado por tal erro judiciário. Eis o que levou ao conhecimento da verdade. Entre os papéis do defunto achou-se uma nota, da qual resultava que o banqueiro tinha encarregado o abade Lutz de restituir a uma pessoa, por ele gravemente lesada, a soma de dinheiro que foi encontrada em poder do sacerdote. Como, porém, tal restituição devia fazer-se debaixo do segredo da confissão, o digno ministro do Senhor nada pôde dizer, preferindo os trabalhos forçados à infração do seu dever (Osservatore Católico, 1897).
      A paz duma boa confissão. — Chateaubriand narra-nos os segredos e as penas da sua adolescência. Todas as vezes que se apresentava ao confessor, este interrogava-o com ansiedade, receando o que de fato se dava, isto é, que o menino confessasse as faltas pequenas e calasse as graves. Mas chegou, assim diz ele, o tempo da primeira comunhão e o confessor com maior zelo me interrogava: “Não me calas coisa nenhuma?”. “Não, meu padre”, respondi. O sacerdote recolhido em si e recitando a fórmula prescrita, preparava-se para me dar a absolvição. Tremi; um raio suspenso sobre a minha cabeça não me teria metido tanto medo como as mãos do sacerdote levantadas para a absolvição. Não disse tudo, exclamei, desfazendo-me em lágrimas. O confessor, enternecido, abraçou-me. Confissões penosas se sucederam então, com consolação minha, no meio de lágrimas. O sacerdote, cheio de alegria, levantou de novo as mãos para derramar o rocio do perdão de Deus. Se me tivesse tirado de cima o peso duma montanha, não teria experimentado maior alívio. Soluçava de consolação. Posso dizer que foi neste dia que me fiz homem honesto: sentia que não teria sobrevivido aos meus remorsos (Schüllel, Repertório).
      377. — Quem por vergonha ou por outro motivo ocultasse um pecado mortal, faria uma confissão bem feita?
      Quem por vergonha ou por outro motivo não justo ocultasse um pecado mortal, não faria uma confissão bem feita, mas cometeria um sacrilégio.
      378. — Que deve fazer quem sabe que se não confessou bem?
      Quem sabe que se não confessou bem deve renovar as confissões mal feitas e acusar-se dos sacrilégios cometidos.
      379. — Quem sem culpa, omitiu ou esqueceu um pecado mortal, fez uma confissão bem feita?
      Quem sem culpa omitiu ou esqueceu um pecado mortal, fez uma confissão bem feita; mas fica-lhe a obrigação de o acusar depois.
      Explicação. — 1.° É melhor não se confessar que confessar-se mal, pois neste caso não só se não obtém o perdão dos pecados, senão que a consciência fica agravada com um novo pecado grave, com um sacrilégio.
      Quem, confessando-se, ocultasse por vergonha ou por outro motivo não justo um pecado mortal, não faria uma boa confissão mas uma confissão má, cometeria um grave sacrilégio, a que facilmente se seguiria um outro gravíssimo: a comunhão feita em estado de pecado mortal.
      O catecismo diz-nos: Quem por vergonha ou por outro motivo não justo ocultasse, etc. Pode então dar-se um motivo justo, pelo qual seja permitido ocultar um pecado mortal em confissão? Sim, pode acontecer que por uma causa justa alguém possa ocultar um pecado mortal (que deverá, no entanto, confessar para outra vez), e todavia fazer uma boa confissão. É dia de festa grande. Certo indivíduo, um tanto gago, vai para se confessar e não pode ir senão a um confessor perto do qual se encontram muitas pessoas; tem justos motivos para recear que ouçam um pecado grave, se o confessar. Em tal perigo, não é obrigado a confessar o pecado grave; desde que tenha o propósito de confessá-lo para outra vez, pode calar esse pecado pelo justo motivo referido.
      2.° Quem sabe que se não confessou bem deve renovar as confissões mal feitas, acusar-se dos sacrilégios cometidos.
      Quem se confessa mal comete um sacrilégio; se vai depois à sagrada comunhão comete um novo sacrilégio. E todas as vezes que se confessa ou comunga em mau estado acrescenta outros tantos pecados de sacrilégio. Portanto, querendo pôr-se na graça de Deus, deve repetir a confissão dos mesmos pecados que declarou nas confissões mal feitas, e declarar os sacrilégios cometidos e os pecados que ocultou.
      É algumas vezes conveniente (especialmente nas grandes ocasiões da vida: antes da primeira comunhão, quando se abraça um estado, etc.) fazer uma confissão geral, ou quase geral. É um meio utilíssimo para adquirir grande paz e tranquilidade de consciência.
      3.° Quem, tendo feito com diligência o exame de consciência, deixou de confessar um pecado mortal por puro esquecimento, fez uma boa confissão, obteve também o perdão do pecado mortal esquecido. Se vier depois a recordá-lo, deverá confessá-lo. Não precisará de renovar a confissão, basta que confesse o pecado esquecido. Fica, em relação a este pecado, aquele dever que ficava para o pecado perdoado em virtude da contrição perfeita.
      Prática. — Quereis confessar-vos sempre bem? Eis aqui tendes um meio seguro. Fazer todas as vossas confissões como se qualquer delas fosse a última e vos devêsseis preparar para a morte e para a eternidade.
      Exemplos. — As contas erradas. – Eis um casaco com seis botões; se se errar a casa do segundo, de nada serve que se abotoem os outros, porque ficarão todos errados; mas é necessário desabotoar o segundo e depois todos os outros, para os abotoar bem. Assim sucede com a confissão; se na última confissão se calou por vergonha um pecado mortal, essa confissão é sacrílega e inválida; e, embora depois se continue a ir à confissão, não se fazem senão confissões sacrílegas. É preciso, pois, tornar a fazer a primeira confissão sacrílega, acusando essa e as seguintes, e renovando a acusação de todos os pecados confessados e calados então, assim como dos outr

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