No Céu todos se conhecerão… Não acredita? Então leia aqui:

Todos os bem-aventurados admitidos no Céu conhecem-se perfeitamente, antes mesmo da ressurreição geral.
Corte Celeste
Côrte Celeste

.
Todos os bem-aventurados admitidos no Céu conhecem-se perfeitamente, antes mesmo da ressurreição geral.


Provam-no tanto a Sagrada Escritura como a Tradição.

Limitar-me-ei a citar-vos o Novo Testamento, tomando apenas dele a parábola do rico avarento e algumas palavras que se referem ao juízo final.

Está parábola é tão bela que não posso resistir ao desejo de apresentar a vossos olhos as suas passagens principais:


Havia um homem rico que trajava esplendidamente e se banqueteava com magnificência, todos os dias.

Havia também ao mesmo tempo um pobre, chamado Lázaro, deitado à sua porta;

Todo coberto de úlceras, que desejava ardentemente saciar a fome com as migalhas que caíam da mesa do rico;

Mas ninguém lhas dava, e os cães vinham lamber as suas feridas.

Ora, aconteceu morrer este pobre, e foi transportado pelos anjos ao seio de Abraão.

O rico morreu também e teve por túmulo o Inferno.

E quando estava em tormentos, levantou os olhos para o Céu e viu, ao longe, Abraão e Lázaro em seu seio;

E, exclamando, diz estas palavras:

“Pai Abraão, tende piedade de mim, e enviai-me Lázaro;

A fim de que molhe na água a ponta do seu dedo para me refrescar a língua, porque sofro horríveis tormentos nesta chama”.

Mas Abraão respondeu-lhe:

“Meu filho, lembra-te que recebeste muitos benefícios na terra, e que Lázaro só teve por companheira a miséria e o sofrimento;

E é por isso que está gozando agora das maiores consolações, e tu estás em tormentos”.

Replicou o avarento:

“Suplico-vos então, Pai Abraão, que o envieis à casa de meu pai;

Onde tenho cinco irmãos, a fim de adverti-los, pois receio que venham também para este lugar de tormentos”. (Luc., XVI, 19-28).


Santo Ireneu, combatendo os hereges, escrevia no princípio do século III:

“O Senhor revelou-nos que as almas se lembram na outra vida das ações que praticaram nesta.

Não nos ensina Ele esta verdade por meio da história do rico avarento e de Lázaro?

Visto que Abraão conhece o que diz respeito a um e outro;


As almas continuam portanto a conhecerem-se mutuamente e a recordarem-se das coisas da terra
”.[1]


No fim do século IV, o Papa S. Gregório Magno perguntava a si mesmo se os bons conheceriam os bons no reino do Céu;

E se os maus conheceriam os maus no Inferno. Sustentou a afirmativa:

“Vejo, diz ele, uma prova disto, mais clara do que o dia, na parábola do rico avarento.

Não declara aqui o Senhor abertamente que os bons se conhecem entre si, e os maus também?

Porque, se Abraão não reconhecesse Lázaro, como falaria de suas passadas desgraças ao rico avarento que estava no meio dos tormentos?

E como não conheceria este mesmo avarento os seus companheiros de tormentos se tem cuidado de pedir pelos que ainda estão na terra?


Vê-se igualmente que os bons conhecem os maus e os maus os bons.

Com efeito, o avarento é conhecido por Abraão;

E Lázaro, um dos escolhidos, é reconhecido pelo avarento, que é do número dos réprobos.


Este conhecimento põe o remate ao que cada um deve receber.

Faz com que os bons gozem mais, porque se regozijam com aqueles que amaram na terra.


Faz com que os maus, por isso que são atormentados com aqueles que amaram neste mundo até ao desprezo de Deus;

Sofram não só o seu próprio castigo, mas ainda, de alguma sorte, o dos outros.


Há, mesmo para os bem-aventurados, alguma coisa mais admirável.

Além de reconhecerem aqueles que conheceram neste mundo;


Agnoscunt quos in hoc mundo noverante;


Reconhecem também, como se os houvessem visto e conhecido, os bons que nunca viram: 


Velut visos ac cognitos recognoscunt.


Que podem ignorar os bem-aventurados no Céu, vendo em plena luz o Deus que tudo sabe?

Um dos nossos religiosos, muito recomendável pela sua santidade, viu junto de si, por ocasião da sua morte, os profetas Jonas, Ezequiel e Daniel, e designou-os por seus nomes.

Este exemplo faz-nos claramente perceber quão grande será o conhecimento que teremos uns dos outros na incorruptível vida do Céu;

Visto que este religioso, estando ainda revestido da corruptibilidade, conheceu os santos profetas que nunca tinha visto”[2].


Todos os santos se reconhecem em Deus


Encontramos um fato muito semelhante na vida da fundadora das Anunciadas Celestinas, Maria Vitória Fornari.

Interrogava ela uma irmã conversa, pobre aldeã;

Sobre os Bem-aventurados que a honravam com suas aparições, como a Santíssima Virgem, Santo Onofre, Santa Catarina de Sena, etc..

Surpreendida por ver que uma rapariga sem letras tinha um tão distinto conhecimento de tantos santos;

A bem-aventurada perguntou-lhe onde havia aprendido tudo o que sabia a este respeito:


“Minha madre, disse ela com grande simplicidade, todos os santos se conhecem distintamente em Deus”[3].


S. Gregório Magno foi citado por escritores eclesiásticos muito antigos:

Na Alemanha, no século IX, por Haymon, Bispo de Halberstadt;

Na Inglaterra, no século VIII, pelo venerável Beda;

Na Espanha, no século VII, por S. Julião, Bispo de Toledo.


Todos participam do seu sentimento e o afirmam sem rodeios.


S. Julião, por exemplo, antes de referir estas palavras do grande Pontífice, diz:

“As almas dos defuntos, privadas de seus corpos podem reconhecer-se mutuamente;

o Evangelista assim o atesta.

Não se pode duvidar de que as almas dos mortos se reconheçam:


Non est dubitandum quod se defunctorum spiritus recognoscant’
.[4]


Sobre o juízo final, temos as seguintes palavras de Jesus Cristo a seus discípulos:

“Em verdade vos digo que, quando chegar o tempo da regeneração, e o Filho do Homem estiver sentado no trono da sua glória, vós;

Que me tendes seguido, estareis sentados sobre doze cadeiras e julgareis as doze tribos de Israel” (Matth., XIX, 28.).

Temos também estas palavras do grande Apóstolo aos Coríntios: 


“Não sabeis que os santos devem um dia julgar o Mundo? Não sabeis que nós seremos os juízes dos mesmos anjos?” (1 Corinth., VI, 2, 3).


Tal é a base da argumentação de S. Teodoro Studita, num discurso que fez no fim do VIII século ou princípio do IX, para refutar o erro que nos esforçamos por combater aqui.

“Alguns oradores, diz ele, enganam os seus ouvintes, sustentando que as criaturas ressuscitadas não se reconhecerão quando o Filho de Deus vier julgar-nos a todos.”

“Como, exclamam, quando de frágeis nos tornarmos incorruptíveis e imortais;

Quando já não houver gregos, nem judeus, nem bárbaros, nem citas, nem escravos, nem homens livres, nem esposo, nem esposa;

Quando formos todos semelhantes em gênios, poderíamos reconhecer-nos mutuamente?”.


Respondemos, em primeiro lugar, que o que é impossível aos homens é possível a Deus.


Doutra sorte não acreditaríamos na ressurreição da carne, pretextando raciocínios humanos.

E, efetivamente, como se poderá reorganizar no último dia um corpo desfeito em podridão;

Devorado talvez por animais ferozes, pelas aves ou pelos peixes, e estes devorados por outros e isto de muitas maneiras, e sucessivamente?


Todavia, assim há de ser, e o secreto poder de Deus reunirá todas as suas partes espalhadas e as ressuscitará.

Então, cada alma reconhecerá o corpo com que viveu.


Mas cada uma das almas reconhecerá também o corpo do seu próximo?

Não se pode duvidar, sem que se ponha ao mesmo tempo em dúvida o juízo universal.

Porque não se pode ser citado em juízo sem ser conhecido, e para julgar uma pessoa é preciso conhecê-la, segundo estas palavras da Sagrada Escritura:


“Convencer-vos-ei, e porei diante de vossos olhos vossos pecados” (Ps., XLIX, 21).


O valor deste raciocínio depende da seguinte distinção:

No juízo particular, somos julgados só por Deus; mas, no juízo universal, julgaremos de alguma sorte uns aos outros.


Entretanto, o primeiro só manifesta a justiça à alma que é julgada, o último a manifestará a todas as criaturas.

Assim todas esperam, para o grande dia, a revelação dos filhos de Deus (Rom., VIII; 19) que fará mudar muito as apreciações dos homens.

O Santo continua nestes termos:

“Portanto, se nos não reconhecermos mutuamente, não seremos julgados;

Se não formos julgados, não seremos recompensados ou punidos pelo que tivermos feito e sofrido neste mundo.

Se não devem reconhecer aqueles a quem hão de julgar, verão porventura os Apóstolos o cumprimento desta promessa do Senhor:


Assentar-vos-eis sobre doze tronos para julgardes as doze tribos de Israel?” (Matt., XIX, 28).  


E por estas palavras:

“Onde o próprio irmão não resgata, um estranho resgatará” (Ps. XLVIII, 8), não supõe o santo rei David que o irmão reconhecerá seu irmão?

Muitas são as razões e autoridades que se opõem àqueles que pretendem negar o mútuo reconhecimento das almas no Céu;

Asserção insensata, asserção comparada pela impiedade às fábulas de Orígenes.


Enquanto a nós, meus irmãos, acreditemos sempre que ainda havemos de ressuscitar;

Que nos tornaremos incorruptíveis, e que nos reconheceremos mutuamente;

Como nossos primeiros pais se conheciam no paraíso terrestre, antes do pecado, quando estavam ainda isentos de toda a corrupção.


Sim, é necessário crê-lo:

Gredendum fore ut fratrem agnoscat frater, liberos pater, uxor maritum, amicus amicum – o irmão reconhecerá seu irmão, o pai seus filhos, a esposa seu esposo, o amigo seu amigo;

Digo mais: o religioso reconhecerá o religioso, o confessor reconhecerá o confessor;

O mártir, o seu companheiro de armas;


O apóstolo, o seu colega no apostolado; todos nos conheceremos;


Quo omnium in Deo laetum domicilium sit
– a fim de que a habitação de todos em Deus se torne mais agradável pelo benefício, além de tantos outros, de nos reconhecermos mutuamente”[5].


[1] Santo Irineu, – Contra haereses, lib. II, cap. XXXIV, no.  1.

[2] Saint Grégorie le Grand, Dialog. I, IV., cap. XXXIII et XXXIV.

[3] Collet, La vie de V. M. Victoire Fornaire, I, II, no. 9.o.

[4] S. Julião de Toledo, Prognosticon, I. II, cap. XXIV – Haymon, De Amore caelestis patriae, I. I, cap. VIII. – V. Beda, Aliquot quoestionum liber, q. XII.

[5] Saint Theodore Studite, Serm., catech., XXII. – Migne, Patrologie grecque, t. XCIX, pág. 538, 539.

.
Fonte: retirado do livro “No Céu nos reconheceremos” do Rev. Pe. F. Blot.

.
.

*   *   *

.

Inscreva todos os seus pedidos direto no livro de Missas.

Clique na imagem abaixo e veja como é fácil, você poderá pedir por todas as graças e bênçãos que precisar.

.
.
botao_05.
.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você também gostará der ler...

Compartilhe:

Cadastre-se abaixo e receba orações, conselhos católicos e Mensagens de fé.
É GRÁTIS

Mais Postagens

contatos

Cadastre-se abaixo e receba orações, conselhos católicos e Mensagens de fé.
É GRÁTIS

CENTRAL DE MISSAS

Inclua seus pedidos
É Grátis!

0800 608 2126

Perguntas frequentes

As ações diabólicas estão ficando mais fortes do que antes. Ligue a TV. Ouça o rádio. Leia qualquer jornal. Você perceberá que cada vez mais o demônio age sem freio e o pode parar ele é a Medalha de São Bento. Por isso, queremos munir, inicialmente, 5 mil pessoas com este sacramental, mas queremos triplicar esse número. Sem falar que não recebemos ajuda de grandes empresas ou de pessoas famosas, mas sim de católicos de todo o BrasilAjude aqui.

Entendemos que esteja passando por um momento difícil, mas lembre-se que é nos momentos de dificuldade que nossas boas ações são ainda mais valiosas para Deus. Quanto mais você fizer para Ele, mais graças atrairá para sua vida. Ainda mais, por permitir que as pessoas do Brasil todo contem com uma proteção EFICAZ contra as forças do mal. Faça sua doação.

Isso é algo maravilhoso e é por essa razão que Deus lhe trouxe aqui, porque são poucas pessoas que se empenham em fazer o bem. São pessoas iguais a você que Nosso Senhor convoca quando quer resgatar seus filhos perdidos . Apoie aqui.

A doação única é voltada especificamente para a confecção e distribuição da Medalha de São Bento e, como retribuição, você contará com presentes de agradecimento, como missas. Já a doação mensal nos permitirá investir em outras ações de apostolado, impulsionar publicações na internet, e, como retribuição, você contará com missas semanais, orações diárias e muito mais. Garanta suas Medalhas de São Bento aqui.

Ao ajudar, mensalmente ou uma única vez, você será uma das primeiras pessoas que receberá a Medalha de São Bento.

Não precisa se preocupar. Nós contratamos um sistema de SITE SEGURO, exatamente como os bancos. Mas, caso prefira, você pode fazer ajudar via pix, que é ainda mais prático, também é seguro e sua ajuda chega integralmente para o apostolado, sem nenhum tipo de desconto. Faça sua doação segura aqui.

Atualize a página, lembre-se de aceitar os cookies da página. Em último caso, entre em contato conosco pelo e-mail: atendimento@aascj.org.br ou pelo whatsapp: (11) 96251-2000

Suas dúvidas foram sanadas? Se sim, clique aqui para ajudar nessa empreitada. Agora, se ainda tem alguma dúvida, contate-nos. Nosso e-mail: atendimento@aascj.org.br e Whatsapp (11) 96251-2000.

Que o Sagrado Coração de Jesus lhe abençoe!

Perguntas frequentes

Não. Graças aos devotos da Família do Sagrado Coração de Jesus que nos apoiam com este trabalho de apostolado. São essas pessoas que nos permitem difundir essa devoção e suas riquezas, como enviar essa estampa gratuitamente.

Só conseguimos enviar uma estampa por pessoa. Dependemos de recursos para qualquer ação e infelizmente o envio dos correios é caro. Se puder, você pode nos ajudar para que essa imagem seja enviada a mais famílias e assim, ganhar uma outra. Veja como.

Infelizmente não. O melhor meio é você preenchendo os seus dados aqui e assim conseguimos enviar sua imagem, já benta, por um sacerdote.

Atualize a página, lembre-se de aceitar os cookies da página. Em último caso, entre em contato pelo
e-mail: atendimento@aascj.org.br

Sanou as suas dúvidas? Se sim, clique aqui para pedir a sua imagem do Coração de Jesus. Agora, se ainda tem alguma dúvida, envie um e-mail para nós. Nosso e-mail: atendimento@aascj.org.br

Informe seus dados corretamente para que você receba a imagem do Coração de Jesus, em sua casa, pelos Correios.

[DoarEstampaSagrado2]