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Vamos falar de uma invocação de Nossa Senhora que é Nossa Senhora do Divino Amor.
Existe uma imagem de Nossa Senhora do Divino Amor na igreja da Consolação, na capela do Santíssimo Sacramento;
Em uma coluna sobre o qual se encontra uma imagem de Nossa Senhora, lavrada em madeira.
E é Nossa Senhora que tem no coração o Espirito Santo e é a invocação de Nossa Senhora do Divino Amor.
O que é que vem a ser? Qual é o sentido profundo dessa invocação?
O sentido profundo é o seguinte:
Sabemos bem que a coisa mais preciosa que o homem pode ter nesta terra, a que lhe granjeia o céu é o amor de Deus.
O amor de Deus é o primeiro de todos os Mandamentos e é o mandamento que dá valor a todos os outros.
Quer dizer se uma pessoa cumprisse todos os outros mandamentos por outras razões que não o amor de Deus;
Aos olhos de Deus o cumprimento de todos esses mandamentos não teria valor.
Porque é preciso que as coisas sejam feitas por amor de Deus para terem valor.
Quer dizer, a virtude cúpula, a virtude áurea, de acordo com a doutrina católica, é o amor de Deus.
Agora, este amor de Deus é, por outro lado, o que nos abre as portas do céu.
Quer dizer, só entra no céu quem tem amor de Deus, e no céu nós estamos praticando um eterno ato de amor de Deus.
De maneira que Nossa Senhora do Divino Amor é Nossa Senhora enquanto nos obtendo a mais alta virtude e o mais alto dom que ela pode obter para uma criatura.
Enquanto nos comunicando a mais alta virtude que Ela teve, que foi o amor de Deus.
De maneira que nós precisamos nos perguntar qual é o papel de Nossa Senhora na obtenção do amor de Deus e na difusão desse Amor.
A coisa se põe de um modo muito simples.
Se Nossa Senhora – e esta é uma verdade de fé que ninguém pode negar sob pena de pecado mortal – se Nossa Senhora é a Medianeira de todas as graças;
Quer dizer, todos os pedidos que vão a Deus passam por Ela; os homens só obteriam se Ela pedisse junto com eles;
Se todos os pedidos de todos os santos do céu feitos em união com Nossa Senhora são atendidos, mas se Nossa Senhora não pedisse com eles, não seriam atendidos;
Nossa Senhora pedindo sozinha sem eles todos, Ela sozinha é atendida;
De tal maneira que Ela é o ponto por onde todas as preces chegam a Deus e se tornam agradáveis a Deus.
Também é verdade que todas as graças que Deus dá, nos dá então por meio d’Ela.
Porque se é Ela fundamentalmente que obtém, então também é verdade que é Ela fundamentalmente que concede.
E que Ela é o canal por onde todas as graças, todas as preces sobem, e todas as graças descem para os homens.
E é assim verdade que o amor de Deus é Nossa Senhora que obtém para os homens.
Agora, o amor de Deus nós podemos considerar em duas linhas: o amor natural e o amor sobrenatural.
O que é o amor natural de Deus?
É o amor que teria a Deus um homem se não conhecesse senão a religião natural.
O que vem a ser a religião natural?
Há certas coisas a respeito de Deus que os homens conhecem simplesmente pela razão;
Não porque estejam na Escritura, não porque portanto tenham sido reveladas, não porque constem da Tradição;
Mas é simplesmente por causa da razão humana que o homem conhece certas coisas a respeito de Deus.
Essas coisas que ele conhece de Deus, quer dizer;
Que há um só Deus, supremo, criador de todas as coisas, infinitamente perfeito, misericordioso, portanto justo, que ama os homens e que os chama para uma vida eterna depois dessa existência;
Essas verdades que o homem conhece simplesmente por sua razão;
Elas justificam um amor que o homem tem a Deus também, um amor de índole meramente natural.
Quer dizer, o homem ama a Deus por causa daquilo que ele conhece.
Estão nesse caso as almas que estão no Limbo, as almas de pessoas que morreram quando eram crianças, não tinham ainda a idade de razão;
Não podiam portanto nem pecar nem não pecar, mas que logo que morrem a sua alma atinge o estado adulto;
E elas amam a Deus pelo que conhecem de Deus, e amam a Deus por toda a eternidade.
Mas amam a Deus apenas por aquilo que a sua razão lhes diz de Deus.
Mas para nós que fomos batizados, para nós que além de batizados temos toda a vida da graça que a Igreja oferece,;
Temos a fé, não há apenas esse amor natural de Deus, há também o amor sobrenatural de Deus.
O que vem a ser o amor sobrenatural de Deus?
O amor sobrenatural de Deus é o fruto próprio de um conhecimento sobrenatural de Deus.
Quer dizer nós conhecemos de Deus pela Escritura, pela Tradição, portanto pela Revelação;
Nós conhecemos de Deus incomparavelmente mais do que nossa simples razão poderia dizer.
Por exemplo a Santíssima Trindade nós não conhecemos pela nossa razão, nós conhecemos simplesmente porque foi revelado.
E assim uma porção de outras, um caudal enorme de verdades de fé, fundamentais, que nós só conhecemos porque Deus revelou.
Ensina-nos a Igreja que esse ato pelo qual a razão humana adere ao que foi revelado, é um ato sobrenatural, não é um puro ato natural.
Nós não percebemos que ele é sobrenatural, mas de fato ele o é.
Quer dizer, sem uma graça que Deus dá ao homem para isto, o homem é incapaz de crer.
O ato de fé, embora seja um ato conforme a razão, justificado pela razão;
A simples razão não basta para que o homem faça o ato de fé, ele precisa de um auxilio especial.
E esse auxilio especial que é a fé, é já nesta terra o começo da visão beatifica;
Quer dizer é uma espécie de semente do ato que nós faremos quando nós no céu contemplarmos Deus face a face.
Esse ato de conhecimento sobrenatural de Deus que é a fé, traz como conseqüência própria o amor de Deus, mas um amor sobrenatural também.
Um amor que só pode ser obtido, portanto, por meio de uma graça.
E este amor que vem, portanto, de Deus para nós;
Para nós amarmos a Deus, é preciso que antes Deus nos tenha amado e nos tenha dado a graça de amá-Lo;
Esse amor que Deus tem por nós é o amor que Ele nos dá;
O primeiro passo é d’Ele para conosco e não nosso para com Ele.
E esse amor sobrenatural é um amor que também nos vem da fé, nos vem da graça e sem a graça nós absolutamente não o teríamos.
Nossa Senhora é que pede para nós a fé.
Nossa Senhora é que pede para nós a graça do amor, e sem a graça nós não teríamos nem a fé nem o amor sobrenatural.
Então o que é Nossa Senhora aí?
Nossa Senhora é a medianeira que obtém de Deus para nós esse amor sobrenatural d’Ele;
Que é o por onde o católico pode salvar-se.
O católico não pode salvar-se sem um amor sobrenatural de Deus.
Bem, agora, não é apenas o caso de dizer que Ela pela intercessão d’Ela obtém esse amor;
Mas Ela é um reservatório desse amor, Ela é uma tocha ardente desse amor;
E esse amor se comunica de um para o outro.
Ela passa esse amor d’Ela que ama mais a Deus do que todas as criaturas juntas o amam, Ela passa para as criaturas, ela transmite para as criaturas.
Ela é mais ou menos como uma tocha que se acende no sol que é Deus, e que depois com o fogo que n’Ela se acendeu passa a todas as outras criaturas.
Quer dizer ela comunica esse amor do qual ela é um reservatório, um mar, um oceano imenso. Ela transmite esse amor aos outros
Assim, em ultima análise, para todos os problemas de nossa vida interior, nós temos que pedir antes de tudo o amor de Deus.
Temos que agradecer o amor de Deus que nós recebemos e temos que pedir mais amor de Deus.
Nós não podemos fazer a Nossa Senhora um pedido mais agradável do que pedir a Ela que nos dê amor de Deus.
Se nós tivermos amor de Deus nós praticaremos todas as outras virtudes; se nós não tivermos amor de Deus não praticaremos virtude nenhuma.
A repercussão disso sobre o apostolado é enorme;
Porque o ato de apostolado é um ato pelo qual uma pessoa comunica a outra o conhecimento de Deus através da fé.
E o amor de Deus, através do bom conselho que acende na pessoa o amor de Deus.
Para que meu ato de apostolado seja fecundo só pode ser por uma ação sobrenatural da graça ajudando meu ato.
Se não meu ato é inteiramente incapaz de fazer qualquer coisa.
Podemos usar para ilustrar uma comparação da energia elétrica passando pelo tungstênio.
A graça seria algo de mais ou menos parecido com a energia elétrica que passa pelo tungstênio.
Então, Nossa Senhora é a verdadeira alma do meu apostolado;
Porque é por meio d’Ela que eu tenho as graças para meu apostolado frutificar.
O principio, portanto, fundamental do livro de Dom Chautard, “A Alma de todo Apostolado”,
Está representado nessa invocação de Nossa Senhora do Amor Divino, quer dizer:
Nossa Senhora enquanto dando ao apóstolo o amor de Deus e ajudando o apóstolo a transmitir o amor de Deus para as outras pessoas.
É Nossa Senhora o principio – princípio vital não se poderia dizer – mas condição fundamental de minha vida espiritual;
É Nossa Senhora condição fundamental da fecundidade de meu apostolado.
Aquela famosa figura oriental que está no livro de Dom Chautard;
De Nossa Senhora que está rezando e que tem dentro de si o Menino Jesus com o pergaminho ensinando;
Mas poderia se chamar perfeitamente Nossa Senhora do Amor de Deus
Quer dizer, Ela enquanto reza, na pessoa d’Ela, o Menino Jesus ensina.
Então também é Ela enquanto reza que obtém para todo mundo o amor de Deus;
Quer dizer, o Menino Jesus fala a todas as almas.
Em Nossa Senhora Ele fala a todas as almas, dando-lhes o amor de Deus.
Quer dizer, portanto, para quem quer cultivar a fecundidade do apostolado, para quem se consagra ao apostolado individual;
É absolutamente fundamental uma compenetração da importância de Nossa Senhora nesse sentido.
Ela é também Nossa Senhora do apostolado vitorioso, porque apostolado é transmissão de fé e de amor de Deus.
E essa transmissão só se pode fazer em união com Ela que obtém a graça dessa transmissão para as pessoas junto às quais agimos.
É o que convém especialmente a quem se dedica ao apostolado, à luz do livro de Dom Chautard.
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Fonte: pliniocorreadeoliveira.info
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