Mons. de Ségur
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De como Jesus Cristo vem a nós e nos consola por sua Igreja
Assim como para transmitir-nos a luz da Fé, serve-se Jesus Cristo de Sua Igreja;
Assim também por intermédio dela, comunica-nos admiráveis consolações.
Enviada de Jesus Cristo, é a Igreja a grande consoladora dos sofrimentos humanos.
Importa que nos atiremos em seu regaço amoroso, se quisermos encontrar o bálsamo
das consolações.
Para não ir mais longe, eis já uma consolação:
Os tesouros da verdadeira Fé, que nos dão absoluta certeza das tão suaves quão consoladoras verdades da Religião.
A Igreja e a Fé nos ensinam infalivelmente que, se sofrermos santamente neste mundo, teremos no Céu magnífica e eterna felicidade;
E que todas as nossas transitórias tribulações muito pouco valem, comparadas com o cúmulo da eterna glória, que a mesma Igreja nos prepara no Paraíso.
A Igreja e a Fé descerram o véu do mistério do sofrimento, e para logo tudo muda de aspecto:
O que era horrível, passa a ser tolerável e até mesmo apetecedor; o amor de Jesus Cristo transmuda os espinhos em rosas, o travo em doçura.
A Igreja nos consola ensinando-nos a orar, a estreitar a união com nosso salvador;
A haurir d’Ele, como em inesgotável fonte, a água refrigerante da consolação de da paz.
A Igreja consola-nos, fazendo-nos manusear os Santos Evangelhos, e ensinando-nos a saborear o maná escondido nas palavras e ações de Jesus Cristo.
De feito, como o crucifixo, assim também o Evangelho é o livro das consolações divinas.
A Igreja consola-nos fazendo mais ainda: dá-nos o próprio Jesus Cristo, sim, Jesus presente e velado na Eucaristia.
Consola-nos, dando o Consolador em pessoa.
Na verdade, a Igreja continuamente possui a Jesus, que está conosco, e, por amor de nós, desce quotidianamente ao altar nas mãos do sacerdote.
A Igreja, por intermédio de seus ministros, dá Jesus Cristo a quantos o pedem.
Consola-nos, outrossim, a Igreja com todas as ações, que em prol de nossa felicidade, praticam os sacerdotes:
Por intermédio deles, faz-nos ela ouvir, nas horas de tribulação e de lágrimas, palavras que do Céu vêm e para lá conduzem.
Por intermédio deles, ela já perdoa-nos os pecados e restitui-nos a paz de coração e as alegrias da consciência;
Já nos cumula de benefícios, reavivando-nos a esperança, alentando-nos a coragem, aligeirando nossos infortúnios, sem excetuar nenhum sequer.
Consolação na hora da morte.
Por último, no transe supremo da morte, a Igreja e só a Igreja, vem, tão suave como eficazmente, prestar-nos caridosa consolação.
“Senhor, dizia ao caritativo sacerdote que o estava assistindo, um homem de elevada hierarquia, que até ali fora indiferente a religião;
Senhor, calorosamente agradeço o terdes sido instrumento das divinas misericórdias para comigo.
Se morro em paz, fiando da bondade divina, à vossa intervenção o devo”.
Durante o cerco de Paris pelos prussianos, um voluntário, oficial subalterno, membro de família abastada e nobre, fora mortalmente ferido nas planícies de Bougival.
Aguardando o momento de comparecer perante Deus, jazia ele, deitado de costas, com as mãos juntas, nadando em sangue, e crivado de feridas.
Quis a providência que estivesse ali por perto um capelão do exército, o qual acudiu os gemidos do mísero ferido.
“Meu padre, disse-lhe este, depois de haver declarado seu nome e a moradia de sua família, confessei-me ontem, morro em estado de graça.
Dizei à minha família que morro contente, porque sou cristão e cumpri meu dever”.
Não voltei o rosto ao meu inimigo.
No meu corpo ali estão onze balas. Consolai minha mãe.
Parto a ter com o Deus das Misericórdias” e adormeceu no Senhor;
E a Igreja, pelas mãos do Padre, fechou-lhe os olhos.
Tal é a benfazeja missão da Igreja.
Separar-nos da Igreja, incutir-nos medo, ódio, ou, ao menos, esquecimento dela, é a traça costumeira do demônio.
O miserável almeja despenhar-nos consigo na desesperação, assim como nos despenhou no pecado e no castigo do pecado, que vem a ser o sofrimento.
Quer deserdar-nos do amor da Igreja, porque bem sabe que Jesus Cristo está na Igreja, do mesmo modo que a vida está no vivente, e o fogo, na brasa.
E ele não quer que Jesus Cristo nos salve, se uma conosco, nos santifique e console.
E o fidagal inimigo d’Ele e nosso; releva que o não escutemos, e com respeito, ternura e confiança procuremos o regaço maternal da Igreja.
É a consoladora do mundo despenhado na culpa.
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Fonte: “Os que sofrem consolações” – Mons. de Ségur.
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