Ao refletirmos sobre a angústia que envolve a passagem pela finitude deste mundo, é crucial compreender o momento em que Jesus, o Filho de Deus, enfrentou o temor da morte. Durante Sua oração no Horto do Getsêmani, localizado ao sopé do Monte das Oliveiras, uma tristeza profunda tomou conta Dele, evidenciada até mesmo no semblante observado por Seus apóstolos.
Após instituir a Sagrada Eucaristia na Última Ceia, Jesus conduziu Seus discípulos ao vale do riacho do Cedron. A magnitude do sacrifício iminente pesava sobre Ele, levando-o a exclamar: “A minh’alma está triste de morte”.
Consciente das dores brutais que aguardavam tanto a Ele quanto aos Seus discípulos, Ele buscou forças em oração, pedindo ao Pai que afastasse o cálice.
Jesus demonstra sua humanidade
Esse medo visceral da morte demonstra a plenitude da humanidade de Jesus, revelando que, embora seja verdadeiramente Deus, Ele enfrentaria a morte como um homem verdadeiro. Sua solidariedade conosco nessa experiência de dor é evidente, ressalvando apenas a ausência de pecado.
A fraqueza de Jesus, paradoxalmente, nos fortalece diante do sofrimento e da morte. Ele nos lembra de que a mortalidade, resultante do pecado, é limitada à nossa passagem por este mundo finito. Após a morte, graças ao sacrifício de Jesus, seremos ressuscitados para a Vida Plena, conforme Sua própria Ressurreição.
Embora os tormentos de Cristo não residam apenas no sofrimento físico, mas também nos nossos pecados, Sua vitória sobre eles serve de inspiração. Sigamos o exemplo de Jesus ao encarar as angústias e o medo natural da dor e da morte, conscientes de que são momentos intensos, porém breves, diante da infinitude da Vida Plena que nos aguarda.
No auge da tristeza mortal, Jesus chegou a suar sangue, uma imagem poderosa que reflete Sua profunda agonia. Simultaneamente, experimentou consolações espirituais, um sinal de esperança para todos nós diante da passagem decisiva. Segundo S. Tomás de Aquino, um anjo trouxe conforto moral à alma de Jesus, reanimando Sua coragem humana e evocando as virtudes que brotariam de Seu sacrifício.
O sofrimento humano de Jesus, diante da iminência da morte, ilumina nosso caminho e inspira. Ao rezarmos conscientes de que a dor redentora conduzirá à luz eterna da Ressurreição, contamos com a intercessão de Nossa Senhora, a Mãe Dolorosa, para nos encorajar durante a jornada.
Que a Oração de Nosso Senhor Jesus Cristo no Horto das Oliveiras, o primeiro mistério doloroso do rosário, nos guie nessa busca pela luz eterna.